Em Espanha, um casal hospedou-se num hotel e assaltou a adega: terá levado 1,6 milhões de euros em vinho

A dupla terá furtado 45 garrafas de vinhos raros e de elevado valor da adega do restaurante, duas estrelas Michelin, do hotel Atrio, em Cáceres. Depois de nove meses de investigação, foram apanhados na Croácia. Já dos vinhos, entre eles um Chateau d’ Yquem de 1806 (mais de 300 mil euros), nem sinal.

Foto
A adega é um dos ex-líbris do Atrio, com mais de 40 mil garrafas DR

Foi um roubo digno de novela: a 27 de Outubro de 2021, um casal terá ficado hospedado no luxuoso Hotel Atrio, em Cáceres (Espanha), desceu para jantar no afamado restaurante liderado pelo chef Toño Perez, galardoado com duas estrelas Michelin, e já madrugada dentro, escondidas entre mochilas e malas, roubado 45 das mais caras garrafas de vinho da adega histórica do Atrio e saído pelo próprio pé sem deixar rasto.

Depois de nove meses de investigação pelas autoridades espanholas, o casal foi identificado e, esta semana, detido pela polícia croata, que deverá entregar agora a dupla ao sistema judicial espanhol onde “enfrentam uma acusação de furto com danos materiais, com a agravante (talvez) dos bens roubados”, conta o El País. As 45 garrafas de vinho, no entanto, ainda não foram encontradas.

De peruca morena, óculos de sol e máscara de protecção sobre o rosto, relata o jornal espanhol, a mulher, identificada pela polícia espanhola como sendo Priscila Lara Guevara, mexicana de 28 anos e Miss Earth Estado de México, terá usado uma identidade suíça falsa para reservar um quarto no Atrio e, umas horas depois, jantar para dois no restaurante do hotel, o único na região da Estremadura com duas estrelas Michelin. Não era uma estreia.

Priscila e o companheiro, identificado pelas autoridades como sendo Constantín Gabriel Dumitru, nascido na Roménia e com segunda nacionalidade holandesa, já tinham estado em Junho, Agosto e Setembro do mesmo ano. Segundo os agentes da Polícia Nacional que investigaram o caso, estas poderão ter sido visitas preparatórias para o roubo daquela noite, conta o diário espanhol.

Por volta da 1h, enquanto Priscila telefonava para a recepção a pedir que lhe trouxessem comida, apesar de a cozinha já estar fechada, Costantín alegadamente terá descido à histórica adega do Atrio, um dos ex-líbris do hotel-restaurante com mais de 40 mil garrafas. Levava três mochilas, que terá enchido com 45 dos melhores vinhos da colecção, avaliadas em mais de 1,6 milhões de euros, “incluindo um Chateau d'Yquem de 1806 (350 mil euros na carta do Atrio) e seis outros vinhos do século XIX”, detalha o El País. “Aquela garrafa era parte da minha história pessoal, quase parte de mim, da história do Atrio, mas também de Cáceres, dos seus cidadãos, de todos os amantes do mundo do vinho”, afirmava na altura Toño Pérez e o companheiro, José Polo, numa carta divulgada à imprensa.

Às 5h, o casal deixava o hotel pelo seu próprio pé sem deixar rasto e, no dia seguinte, já os meios de comunicação social davam conta do “misterioso roubo das ‘jóias’ do Atrio”. A princípio, a execução do roubo pareceu tão precisa que a polícia chegou a acreditar que “se tratava de um grupo organizado”, lembra o jornal espanhol.

Foram precisos vários meses para a equipa de investigadores da Unidade Central de Crimes Especializados e Violentos e da Polícia Judiciária de Cáceres identificar a dupla. Segundo as autoridades, Costantín já teria sido detido duas vezes por roubar garrafas de vinho caras em lojas gourmet em Madrid e, uma vez, numa loja duty free no aeroporto de Genebra, na Suíça.

O casal terá saído de Espanha alguns dias após o roubo, mas foram localizados na semana passada no posto fronteiriço entre a Eslovénia e a Croácia. Emitido um mandado de captura, foram detidos pela polícia croata, que deverá agora entregar a dupla ao sistema judicial espanhol.

O golpe de furtar vinhos de elevado valor das adegas de hotéis e restaurantes não tem nada de inovador. N ano passado, por exemplo, ocorreu um caso na Borgonha que resultou em 350 mil euros em vinhos furtados do luxuoso Domaine de Rymska, embora aqui com desfecho e características mais burlescas e de filme: perseguidos pela polícia, os ladrões duplicaram o crime, juntando o desperdício ao furto, e atiraram as garrafas aos agentes.

Sugerir correcção
Ler 1 comentários