Receitas do turismo até Maio superaram as do mesmo período de 2019
Abril e Maio foram cruciais para superar valores pré-pandemia no conjunto dos cinco primeiros meses do ano. Previsões do Banco de Portugal apontam para que se chegue ao fim de 2022 com valores superiores aos de 2019, e quase o dobro de 2021.
Nos primeiros cinco meses do ano, as receitas das exportações de turismo (isto é, a entrada de dinheiro com as viagens de estrangeiros) chegaram aos 6046 milhões de euros, segundo os dados do Banco de Portugal divulgados esta quarta-feira, valor que fica 3,9% acima dos valores registados no mesmo período de 2019, antes da pandemia. Os meses de Abril e de Maio foram fundamentais para este resultado, tendo Maio chegado aos 1759 milhões, mais 12,8% do que em idêntico período de 2019.
Mesmo com a actual conjuntura de inflação em alta, fica bem patente a tendência de recuperação do sector. O principal contributo veio dos turistas ingleses, com 971 milhões (16% do total) entre Janeiro e Maio, seguindo-se os franceses com 797 milhões, os alemães com 737,5 milhões e os espanhóis com 640 milhões.
Para o Banco de Portugal, o turismo vai dar um novo impulso à economia este ano, ajudando a que o crescimento do PIB chegue aos 6,3%. Os efeitos da invasão da Ucrânia pela Rússia “na confiança dos agentes e na incerteza, bem como a erosão do poder de compra decorrente da inflação, originam perspectivas menos favoráveis para o resto do ano. Em contraste, a recuperação das exportações de serviços deverá manter-se, tendo em conta as indicações preliminares muito favoráveis para o sector do turismo”, destacou o Banco de Portugal no boletim económico que divulgou a 15 de Junho.
Com menos barreiras à mobilidade, e alguma poupança feita na pandemia, a dinâmica do turismo, de acordo com a instituição liderada por Mário Centeno, “tem surpreendido favoravelmente nos meses mais recentes, projectando-se o regresso ao nível pré-pandémico em meados de 2022”.
Na semana passada, a Comissão Europeia veio também realçar a importância do turismo para a economia portuguesa, ao prever que o país cresça acima da média europeia este ano e no próximo graças a um menor impacto da guerra na Ucrânia e ao apoio dado pela retoma do sector.
Um dos indicadores mais recentes a dar nota da dinâmica de crescimento foi divulgado esta terça-feira pela Vinci, dona da ANA - Aeroportos de Portugal. Em comunicado, a empresa informou que o tráfego aéreo de passageiros nos aeroportos nacionais em Junho ficou apenas 2,9% abaixo dos valores do mesmo mês de 2019. Olhando para os dados do segundo trimestre, a Vinci dá nota de um crescimento no número de passageiros face a 2019 na Madeira (+28, impulsionado pela nova operação da Ryanair) e no Porto (+0,8%).
Em concreto, a previsão do Banco de Portugal é a de que este ano o crescimento seja de 4,2% face a 2019 (ano de recordes para o sector), o que equivale a uma subida de 768 milhões de euros, chegando aos 19.059 milhões. Se a comparação for feita com as receitas de 2021 (9841 milhões), o valor quase que duplica, e poderá mesmo superar a fasquia dos 20 mil milhões em 2023.
O FMI, no entanto, já se mostrou menos optimista do que o Banco de Portugal, cujas projecções são usadas pelo Governo. De acordo com o relatório publicado sobre Portugal no final de Junho, o sector do turismo, composto em cerca de 90% por micro e pequenas empresas, regressa para níveis de 2019 no ano que vem (tal como estava previsto anteriormente pelo BdP).
