Juros dos novos empréstimos à habitação já superam 1%
Subida das taxas Euribor com reflexo nos novos e antigos contratos à habitação, apesar de os bancos manifestarem flexibilidade nas condições de acesso.
As subidas das taxas Euribor estão a chegar ao conjunto dos contratos à habitação, sendo mais visíveis nos empréstimos mais recentes. Os dados do Instituto Nacional de Estatística (INE), divulgados esta quarta-feira, mostram que a taxa dos créditos contratados entre Março e Maio subiu 18,8 pontos base para 1,158%, um máximo desde Novembro de 2020.
A taxa de juro implícita no conjunto dos contratos de crédito à habitação foi de 0,858% em Junho, mais 3,2 pontos base que o mês anterior (0,826%).
As subidas dos próximos meses serão seguramente mais acentuadas, tendo em conta os valores atingidos pelas Euribor em Junho e em Julho, como mostram os dados desta quarta-feira, com a Euribor a seis meses a chegar acima de 0,5% em tempo recorde.
Com a subida das taxas, os bancos terão tendência para ser mais cautelosos com o valor dos spreads (margem comercial do banco) a aplicar nas operações de maior risco, o que não aconteceu no segundo trimestre, período em que assumiram, no último Inquérito sobre Mercado de Crédito, que pouco ou nada alteraram nas condições dos novos empréstimos à habitação, ao contrário da maioria dos bancos da zona euro, que se tornaram mais restritivos.
Em Junho, o capital médio em dívida aumentou 447 euros, fixando-se em 60.061 euros e a prestação média subiu um euro, para 261 euros. Deste valor, 43 euros (16%) correspondem a pagamento de juros e 218 euros (84%) a capital amortizado, um situação que se vai alterar gradualmente com o inevitável aumento do peso da componente de juros.
Nos contratos celebrados nos últimos três meses, o valor médio da prestação subiu 18 euros, para 409 euros, e o montante médio do capital em dívida foi de 127.051 euros, mais 431 euros que em Maio.
As taxas Euribor fixaram esta quarta-feira novos máximos desde Outubro de 2014, Setembro de 2012 e Agosto de 2012.
A taxa Euribor a seis meses avançou para 0,635%, a de 12 meses para 1,164%, e a de três meses, a última a entrar em valor positivo, para 0,125%.
A aceleração das taxas Euribor é explicada pela expectativa de uma subida das taxas directoras do Banco Central Europeu acima dos 0,25% inicialmente anunciado. A reunião do BCE acontece esta quinta-feira.