Médias de Matemática e Física e Química sobem. Só duas disciplinas com média negativa

Queda de dois valores no exame de Geometria Descritiva A e de 1,2 valores nos exames de Matemática B e de Biologia e Geologia.

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A média a Física e Química situa-se, assim, nos 11,7 valores e a de Matemática em 11,9 Nelson Garrido

A média do exame nacional do ensino secundário de Física e Química A subiu quase dois valores em relação a 2021 (uma subida de 1,9 neste ano) e a de Matemática aumentou 1,3 valores. Os resultados da 1.ª fase foram divulgados esta terça-feira pelo Ministério da Educação. Apenas duas disciplinas tiveram média negativa: Matemática B e Português Língua Não Materna, prova que é feita por poucos estudantes.

A média a Física e Química (32.853 provas realizadas), exame ao qual respondem os alunos do 11.º ano de escolaridade, situa-se agora nos 11,7 valores (foi de 9,8 em 2021). No ano anterior, esta era a única disciplina com resultados abaixo dos dez valores.

Num parecer enviado ao PÚBLICO, a Associação Portuguesa de Professores de Física e de Química (APPFQ) criticou, no dia depois do exame, a extensão da prova, ao mesmo tempo que a considerava “globalmente adequada e equilibrada”. Perante os resultados agora conhecidos, Ana Carla Campos, presidente da APPFQ, diz ao PÚBLICO que a prova longa acabou por “prejudicar os alunos de topo”. “O facto de a prova ser extensa criou problemas aos alunos de topo, não dificultou a vida ao aluno médio”, sublinha. Contas feitas, de acordo com o documento do Ministério da Educação, apenas 5% dos alunos avaliados conseguiu 18 ou mais valores no exame.

Já a média de Matemática (12.º ano) passou para os 11,9 valores. À semelhança de Física e Química em 2021, a média de Matemática também tinha recuado (10,6).

A subida da média a Matemática A era um cenário visto como “provável” pelo presidente da Associação de Professores de Matemática (APM), Joaquim Pinto, que, no dia da prova, em declarações ao PÚBLICO, considerou o exame deste ano “mais fácil” do que o do ano passado.

No entanto, face aos resultados conhecidos esta terça-feira, o presidente da APM, desvaloriza as alterações nas médias: “As flutuações das classificações dos exames nacionais não parecem ter muito significado”.

No caso da Matemática A, “a média dos alunos internos em 2018 e 2019 foi de 11,5 e 10,9, respectivamente, lembra. Em 2022, a nota fixou-se nos 11,9. São flutuações totalmente normais e admissíveis”, considera.

Esta prova foi realizada por 34.367 alunos, números semelhantes a 2019 e 2018 (quando foram 33.240 e 32.401, respectivamente, os estudantes a responder à prova).

Curiosamente Matemática B “teve muito mais alunos a fazer exame do que em 2018 ou 2019” (2269 e 2480, respectivamente), nota Joaquim Pinto. Em 2022 foram 3085 exames. Esta é uma de duas disciplinas com resultado médio negativo na 1.ª fase dos exames nacionais do secundário deste ano: 8,9 valores (desce 1,2 face ao ano anterior).

Esta variação “revela mais alunos a querer entrar no ensino superior com Matemática B em vez de Matemática A”, aponta. Há mais de 300 cursos que o admitem.

A descida da média é, por isso, “também admissível por estes candidatos serem alunos que não devem ter frequentando nem Matemática A nem Matemática B”. “Provavelmente serão em grande parte alunos do Ensino Profissional”, acrescenta o presidente da APM.

Mais descidas do que subidas

Já a prova exame de Geografia, que foi feita por 8687 estudantes (11.º ano), teve igualmente melhores resultados do que há um ano: subiu 0,9 valores e a média passa para 11,6. Em 2021 a média foi de 10,7, depois de descer dos 13,6 valores conseguidos em 2020.

Segundo os resultados divulgados esta terça-feira pelo Ministério da Educação, houve apenas mais duas disciplinas (Espanhol – iniciação e Literatura Portuguesa) em que as médias dos exames nacionais subiram em relação ao ano passado. Em ambos os casos, são exames pouco concorridos.

Nas restantes 19 provas, os resultados médios, recuam face ao ano passado. Em comunicado, o Júri Nacional de Exames considera que “as descidas não são, na sua maioria, significativas”. Boa parte dos desvios variam entre 0,1 a 0,6 valores em relação ao ano anterior.

Há, no entanto, algumas quebras significativas, como no caso de Português Língua Não Materna, que desceu 3,7 valores e apresenta média negativa (9,3). Note-se, porém, que esta é uma disciplina com um número reduzido de inscritos (15 neste ano). Esta é a segunda disciplina - para além de Matemática B - que teve média negativa nas provas nacionais deste ano.

Português piora

De destacar, ainda, a queda de dois valores no exame de Geometria Descritiva A e de 1,2 valores no exame de Biologia e Geologia. Geometria Descritiva A (5385 provas) passa assim a ter uma média de 10,4 valores e a média de Biologia e Geologia (11.º ano, o exame mais concorrido, com 39.138 provas) desceu para os 10,8 valores, mais próxima dos resultados conseguidos antes da pandemia. Em 2021, a média foi de 12 valores e de 14 valores em 2020. Nos anos anteriores esteve sempre perto dos 11 valores.

O presidente da Associação Portuguesa de Professores de Biologia e Geologia (APPBG), Adão Mendes, já tinha notado ao PÚBLICO que o exame “não era difícil” nem tinha “nada de peculiar”, mas que foi “trabalhoso e extenso”. Conhecidas as médias, refere agora que a descida à disciplina reflecte os critérios “tudo ou nada” do Instituto de Avaliação Educativa (IAVE). “Os alunos acabam por ter algumas situações que até seriam de valorizar, mas que, com o tipo de critérios definidos, são penalizados. Num teste não acredito que os resultados sejam os mesmos”, reitera e dá um exemplo: “basta pensar que um aluno que não fez sequer o item tem zero e um aluno que respondeu a duas correctas e deixou uma terceira por fazer, por insegurança ou porque errou, tem zero também. Isso acaba por não ser muito justo”.

Olhando para a distribuição de notas, percebe-se também que os resultados de Biologia e Geologia pioram, havendo mais alunos a ter classificação negativa na prova: são 15.546, mais 6000 alunos chumbados do que no ano passado. Em sentido contrário, Física Química A, uma das disciplinas onde as notas melhoram, consegue reduzir em número semelhante (menos 5800) as notas negativas face a 2021. Este ano, tiveram nota interior a 9,5 valores 9967 estudantes.

Quanto a Português, que foi uma das poucas disciplinas que ficou imune aos efeitos das regras especiais dos exames em 2020 – por causa da pandemia, foram introduzidas perguntas de resposta opcional o que, nesse primeiro ano, tornou mais fácil ter classificações elevadas – há uma quebra nos resultados. A média fixou-se nos 10,9 valores, mais perto do verificado em 2018 (11 valores) do que nos três anos seguintes, em que a nota ficou sempre perto do 12.

Uma vez mais, no ano lectivo 2021/2022, os alunos realizaram os exames finais nacionais nas disciplinas que elegeram como provas de ingresso e, também, para melhoria da classificação final de disciplina apenas para efeitos de acesso ao ensino superior.

Com os resultados agora conhecidos, os estudantes podem concorrer à 1.ª fase do concurso nacional de acesso, que começa na próxima segunda-feira, prolongando-se até 8 de Agosto. Entretanto, podem inscrever-se na 2.ª fase dos exames do secundário, que arrancam já na próxima quinta-feira, 21 de Julho.

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