Porto, Gaia e Gondomar ponderam criar nova via para contornar a “catástrofe” da VCI

Eduardo Vítor Rodrigues apresentou ante-projecto a Rui Moreira e Marco Martins. Autarca do Porto gosta da ideia da nova circular, mas quer soluções imediatas para mobilidade da cidade. Intermodal de Campanhã, que abre esta quarta-feira, é uma das suas apostas.

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Há um problema chamado VCI, uma “catástrofe” nas palavras do independente Nelson Garrido

Seria uma “via circular intermédia” para, do lado sul, “descarregar trânsito” que hoje passa pelas pontes da Arrábida e do Freixo e entope diariamente a VCI. A “ideia” terá sido apresentada por Eduardo Vítor Rodrigues, presidente da Câmara de Gaia, aos autarcas do Porto e de Gondomar, Rui Moreira e Marco Martins, numa reunião ocorrida na semana passada. E Moreira gostou – ainda que insista, no imediato, em medidas intermédias que ataquem o problema de trânsito na VCI. “O que acontece lá todos os dias é uma catástrofe ambiental”, apontou durante a reunião do executivo desta segunda-feira.

Para os “especialistas” que apresentaram a proposta aos autarcas, esta nova via – que ligaria, através de uma nova ponte em Avintes, a A4 ao porto de Leixões – poderia resolver o facto de a circular do Porto ser “demasiado excêntrica”, contou Rui Moreira aos jornalistas no final da reunião, concordando com esse diagnóstico. A CREP, disse, “obriga a que os automóveis, e principalmente os veículos pesados, façam muitos quilómetros a mais. Haver uma via intermédia é uma ideia útil”, disse. O PÚBLICO tentou contactar Eduardo Vítor Rodrigues, para conhecer melhor o anteprojecto em causa, mas o autarca de Gaia não esteve disponível.

Para já, reforçou Rui Moreira, a construção desta nova via não passa de uma ideia. “A ser feito é preciso muito dinheiro, seguramente mais de 100 milhões, e, além disso, demora qualquer coisa como três anos”. É um tempo excessivo para quem lida com um problema chamado VCI, uma “catástrofe” nas palavras do independente. “Não sei como vamos poder continuar a conviver com a VCI com o trânsito que ela tem...”

O tema havia sido levantado pelo vereador socialista Tiago Barbosa Ribeiro, que, felicitando a abertura do terminal Intermodal de Campanhã, marcada para esta quarta-feira, e o redesenho da malha dos transportes públicos na cidade, recordava um dos seus maiores focos de poluição – a VCI. E reforçava, mais uma vez, a necessidade de uma “reivindicação”, junta da Infra-estruturas de Portugal e da tutela, para tirar os camiões desta via.

Também para Rui Moreira é essa a prioridade. E como se faz isso no imediato? “Acabando com a portagem para os pesados na CREP” e esperando que, como a Antram terá prometido ao município, os pesados deixem, assim, de usar a VCI e as pontes da Arrábida e do Freixo. “Pelo menos durante algum tempo ficaríamos aqui com alguma capacidade”, disse, juntando ainda à equação a redução da circulação dos veículos ligeiros que deverá ser conseguida com a construção da linha Rubi. “Acho que [com estas duas soluções] conseguiríamos viver mais algum tempo com a VCI, até essa segunda circular ser aberta.”

Para retirar carros da cidade, o Terminal Intermodal de Campanhã será também uma cartada importante. No dia em que se votou as alterações nas linhas intermunicipais e inter-regionais a que esta nova infra-estrutura obriga, Rui Moreira reforçou a importância de retirar os operadores privados de dentro da cidade e dar a hegemonia à STCP, que está a apostar numa frota de veículos eléctricos e a hidrogénio. “Não podemos andar a fazer esse investimento e deixar, ao mesmo tempo, que andem na cidade autocarros a gasóleo de mil novecentos e troca o passo.”

Libertar os corredores BUS para a STCP vai também aumentar a circulação destes veículos, tornando-os mais “atraentes”, acredita: “A nossa mudança para o transporte público vai depender de criar o engodo suficiente para que as pessoas usem o transporte público”. Além de levar estes veículos a mais sítios, aumentando a “capilaridade”, é preciso que o transporte público seja “previsível e pontual”, afirmou.

No que a mobilidade diz respeito, há ainda uma “decisão dificílima” de tomar em cima da mesa: que espaço dar às bicicletas numa cidade? “Mais cedo ou mais tarde vai ter de haver uma decisão política” sobre o assunto, apontou Rui Moreira, não assumindo qual a sua posição.

No Porto, continuou, tem havido “muitas dificuldades” em ter vias reservadas aos veículos de duas rodas. Mas “um conjunto de cidades começam a optar pela partilha, para moderar a velocidade”, referiu. Em breve, a cidade terá um sistema de partilha de bicicletas.

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