A Gulbenkian leva a arte à rua em contentores marítimos
Este mês, o programa CAM em Movimento chega às ruas de Chelas com uma instalação artística produzida por António-Pedro e vários moradores dos bairros desta freguesia.
O Centro de Arte Moderna da Gulbenkian, com a iniciativa CAM em Movimento, continua a levar a arte para a rua enquanto decorrem as obras de remodelação e ampliação do edifício. A iniciativa passa por exibir intervenções artísticas dentro de contentores marítimos em locais públicos da cidade de Lisboa e da Área Metropolitana, com obras pensadas para esses espaços. Numa parceria com a Câmara Municipal de Lisboa e a HCI Construções, o objectivo é criar arte que não esteja confinada aos museus e galerias e transportá-la para o espaço público. A programação teve início a 15 de Outubro, com a instalação da obra Cemiterra-Geraterra do artista Miguel Palma, no Parque Quinta dos Remédios, na Bobadela, pensada em diálogo com a paisagem natural e agrícola dessa zona. Agora chegou a Chelas.
Em vários pontos da cidade é possível observar os contentores marítimos, como na estação fluvial do Terreiro do Paço, onde se encontra a peça de Carlos Bunga “Home”, que explora o conceito de casa como abrigo e protecção dos indivíduos frágeis. Também no Centro Comercial Fonte Nova, em Benfica, encontra-se a obra de Rui Toscano “Music Is the Healing Force of the Universe #4”, que exibe a pintura de uma peça de cerâmica da Grécia Antiga, na qual o deus Dionísio toca uma lira, rodeado por dois sátiros que abanam um par de castanholas.
No sábado passado foi inaugurado mais um contentor no Parque da Bela Vista Sul com o projecto “4 Olhos/4 Odju” pelo artista António-Pedro, da Companhia Caótica, e por vários moradores de Chelas. Através de orifícios no contentor, vê-se no interior uma instalação multimédia num trabalho de aproximação com o bairro J e M. No exterior, foi pintado um mural de arte urbana por toda a comunidade que participou no projecto.
Para haver uma maior representação do bairro na obra, o CAM contou com a colaboração da iniciativa Partis – Práticas Artísticas para a Inclusão Social, que identificou artistas que se identificassem com o terreno onde o contentor foi colocado. Assim, o projecto contou com a colaboração de Nuno Varela, das associações Rimas ao Minuto, Estúdio Kriativu e Chelas é o Sítio, para “organizar e facilitar a elaboração do vídeo no território”. Fundada em 2021, Chelas é o Sítio junta os habitantes do bairro de Chelas com o objectivo de integrar a zona na cidade de Lisboa, levando mais valor, união e inclusão à freguesia, explica Nuno Varela. Em conjunto com Sam The Kid, descreve que a associação actua em várias áreas, tendo grande contacto com os moradores dos bairros de Chelas, o que facilitou o trabalho do CAM e da Companhia Caótica nesta zona.
Em três meses de encontros regulares na Casa dos Direitos Sociais, o projecto “4 Olhos/4 Odju” espalhou-se por Chelas. Com mais de 50 contribuições, o resultado são várias peças que traduzem as questões que afectam a comunidade destes bairros. A instalação vai ficar neste local até 31 de Dezembro, aberta entre as 9h às 21h.
O último ciclo de vídeos da Colecção do CAM “Ecos Latentes” vai decorrer de 3 de Agosto até 5 de Setembro. De autoria do artista Miguel Soares, o vídeo White Star, elabora uma narrativa da desmaterialização da presença humana. A programação do CAM em Movimento poderá ser consultada na página da Fundação Calouste Gulbenkian e decorre durante o período de requalificação do edifício do Centro de Arte Moderna.