Gana confirma os seus primeiros casos de vírus de Marburgo
Da família do Ébola, este vírus tem uma taxa significativa de mortalidade: entre os 24% e os 88%, dependendo do surto. É a primeira vez que são detectados casos positivos no Gana.
O Gana confirmou oficialmente a existência de dois casos do vírus de Marburgo, uma doença infecciosa semelhante à provocada pelo vírus do Ébola. A informação foi avançada pelas autoridades de saúde locais e já recebeu a confirmação da Organização Mundial da Saúde (OMS). São os primeiros casos deste vírus no Gana.
Os dois casos positivos tinham sido detectados em duas pessoas que morreram no início deste mês de Julho. O alerta já tinha sido dado a semana passada, mas só agora, depois de os resultados terem sido verificados no Instituto Pasteur (Senegal), é que o diagnóstico foi confirmado. Os dois doentes eram da região de Ashanti (no Sul de Gana) e tinham apresentado sintomas como diarreia, febre, náusea e vómito, antes de morrer no hospital, disse a OMS.
O Serviço de Saúde do Gana afirma que está a trabalhar para reduzir o risco de transmissão do vírus, incluindo através do isolamento de todos os contactos identificados – nenhum dos quais com sintomas até este domingo. Foram identificados mais de 90 contactos, incluindo profissionais de saúde, que estão agora a ser monitorizados.
Da mesma família do Ébola, o vírus de Marburgo é uma infecção viral grave que se manifesta através de febre, vómitos com sangue e sangramento. Não existe tratamento para a doença, tendo uma mortalidade significativa: em surtos anteriores, as taxas de mortalidade em casos confirmados variam entre 24% a 88%.
O vírus transmite-se para pessoas a partir de morcegos frugívoros (que se alimentam de fruta) e pode propagar-se entre humanos através do contacto directo com fluidos corporais de pessoas, superfícies ou outros materiais contaminados.
É apenas o segundo registo deste vírus num país da África Ocidental. O primeiro caso na região foi detectado em 2021 na Guiné-Conacri, mas sem qualquer transmissão detectada para outras pessoas. “As autoridades de saúde [ganesas] responderam rapidamente, começando a preparar-se para um possível surto. Isso é bom, porque sem uma acção imediata e decisiva o vírus de Marburgo pode facilmente fugir ao nosso controlo”, referiu Matshidiso Moeti, director regional da OMS para África.
Houve uma dúzia de grandes surtos de Marburgo desde 1967, principalmente no Sul e Leste de África. O primeiro surto ocorreu na Europa, precisamente em 1967, nas cidades alemãs de Frankfurt e Marburgo (daí o nome atribuído) e também em Belgrado (na Sérvia, à época ainda Jugoslávia). Em três laboratórios destas cidades, houve 31 pessoas infectadas depois de estarem em contacto com macacos que tinham o vírus.