Presidente interino do Sri Lanka diz que “há muito para fazer” e investe num programa de emergência
Wickremesinghe vai apostar num pacote de fornecimento de combustível, gás e bens alimentares essenciais à população e lamenta os efeitos da guerra na Ucrânia na situação económica do país asiático.
Ranil Wickremesinghe, primeiro-ministro e recém-nomeado Presidente interino do Sri Lanka garantiu este domingo que “há muito para fazer” para evitar uma “queda” do país asiático a nível global, um depois de ter anunciado um programa de emergência que diz que vai permitir aliviar as necessidades de combustível, gás e bens alimentares essenciais da população.
Wickremesinghe – que chegou a chefe de Estado após a renúncia de Gotabaya Rajapaksa, na sequência da invasão do palácio presidencial por manifestantes críticos da gestão que fez da crise económica – realçou a importância de se tomarem medidas para evitar que outros países em desenvolvimento também se sejam gravemente afectados pela situação internacional.
Numa conferência de imprensa dedicada à segurança alimentar, o Presidente interino lamentou os efeitos da inflação, especialmente sobre os preços dos alimentos.
“Diz-se que seis milhões de pessoas no Sri Lanka sofrem de malnutrição. Há informações que dizem que esse número pode aumentar para os 7,5 milhões. Actualmente o país tem de importar um terço do arroz que necessita”, informou, citado pelo jornal britânico Daily Mirror.
Wickremesinghe revelou, porém, que a “aliança global do G7 para a segurança alimentar, da qual o Banco Mundial também é membro, ofereceu 14 milhões de dólares” ao Sri Lanka para “adquirir alimentos”. E disse que o Governo já pôs em marcha um programa alimentar.
O chefe de Estado disse ainda que o Sri Lanka tem um “problema de abastecimento de petróleo” e defendeu que a situação financeira dramática que o país enfrenta é um problema interno, “em parte”, e resulta de “uma questão global, noutra parte”.
“A guerra na Ucrânia e as sanções impostas pela União Europeia estão a afectar-nos. A UE diz que as sanções não nos vão afectar, mas não é assim – vão levar os países em desenvolvimento ao limite”, lamentou, apontando o dedo tanto a Bruxelas como a Moscovo.
“Os dois devem [acordar um cessar-fogo] para resolverem os assuntos de forma pacífica”, apelou.
A economia do Sri Lanka tem previsto contrair mais de 6% neste ano, com a instabilidade política e a convulsão social a afectarem as negociações com o FMI para um pacote de assistência financeira.
Antes de terem entrado em ponto de ebulição no passado dia 9, os protestos de rua arrastavam-se há vários meses, com os manifestantes a responsabilizarem a família Rajapaksa e os seus aliados pela inflação descontrolada, pela escassez de bens essenciais e pela corrupção.