Economia chinesa contraiu mais do esperado e só cresceu 0,4% no segundo trimestre

Crescimento na primeira metade do ano fica-se por 2,5%, muito abaixo dos 12,7% alcançado no primeiro semestre de 2021.

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Reuters/THOMAS PETER

A economia da China registou um crescimento homólogo de 0,4%, no segundo trimestre do ano, ilustrando o impacto das medidas de prevenção contra a covid-19, que resultaram no bloqueio de cidades importantes do país.

Os dados oficiais, divulgados esta sexta-feira pelo Gabinete Nacional de Estatística (GNE), ficaram abaixo do esperado pelos analistas, que previam um aumento do PIB (Produto Interno Bruto) em torno de 1%, no período entre Abril e Junho.

Face ao trimestre anterior, a segunda maior economia mundial contraiu 2,6% nos últimos três meses encerrados em Junho. No período entre Janeiro e Março, a economia chinesa cresceu 4,8%, em termos homólogos.

No conjunto, a economia do país asiático cresceu 2,5% no primeiro semestre do ano. Este valor representa um abrandamento, face ao ritmo de crescimento de 12,7%, alcançado no primeiro semestre de 2021, embora nesse período as estatísticas tenham beneficiado da base comparativa débil do primeiro semestre de 2020, período em que eclodiu a pandemia da covid-19.

Entre Março e Junho deste ano, no entanto, a China voltou a adoptar duras medidas de confinamento, para travar surtos do coronavírus em Xangai, Pequim, Cantão ou Changchun, cidades-chave para a indústria e economia chinesas.

As fábricas e escritórios foram autorizados a reabrir em Maio, mas economistas dizem que vão ser precisas semanas ou meses até que a actividade volte ao normal. Economistas e grupos empresariais advertiram que os parceiros comerciais da China vão sentir o impacto das interrupções no transporte marítimo, nos próximos meses.

“O ressurgimento da pandemia foi efectivamente contido”, disse o GNE, em comunicado. “A economia nacional registou uma recuperação estável”, vincou.

A desaceleração prejudica os parceiros comerciais da China, incluindo o Brasil e Angola, ao diminuir a procura por petróleo, alimentos, e outras matérias-primas. Também a importação de bens de consumo produzidos na China é afectada, já que as medidas de confinamento dificultam os embarques de produtos para mercados estrangeiros.

As vendas a retalho caíram 0,7%, em relação ao ano anterior, no primeiro semestre, depois de contraírem 11% e 6,7%, em Abril e Maio, respectivamente, em termos homólogos.

O investimento em fábricas, imóveis e outros activos fixos subiu 6,1%, reflectindo o esforço do Governo chinês para estimular a economia através de um aumento dos gastos com a construção de obras públicas.

A segunda maior economia do mundo é também afectada, desde o ano passado, por uma crise de liquidez no sector imobiliário, depois de os reguladores chineses terem passado a exigir às construtoras um tecto de 70% na relação entre passivo e activos e um limite de 100% da dívida líquida sobre o património.

O sector imobiliário e a construção pesam mais de um quarto no PIB da China e foram um importante motor do crescimento económico do país nas duas últimas décadas.

A taxa de desemprego fixou-se em 5,5%, em Junho, de acordo com as estatísticas oficiais, enquanto em Maio foi de 5,9% e em Abril de 6,1%.