Sunak mantém liderança na eleição para encontrar o sucessor de Johnson

Segunda ronda de votos dos deputados do Partido Conservador foi novamente favorável ao ex-ministro das Finanças. Mordaunt e Truss repetem posições e Braverman é eliminada da corrida. Cinco candidatos vão outra vez a votos na segunda-feira

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Sunak está bem posicionado para ser um dos finalistas da corrida à sucessão de Boris Johnson HENRY NICHOLLS/Reuters

Rishi Sunak foi o candidato mais votado na segunda ronda da eleição para os cargos de líder do Partido Conservador e, em virtude da vitória tory nas últimas legislativas (2019), de primeiro-ministro do Reino Unido, realizada esta quinta-feira. O ex-ministro das Finanças do Governo de Boris Johnson também já tinha reunido o maior número de apoios na primeira ronda, ocorrida na véspera, estando, assim, bem posicionado para vir a ser um dos finalistas da contenda.

Depois dos 88 votos obtidos na quarta-feira, Sunak recebeu agora 101, possivelmente de alguns deputados que tinham votado em Jeremy Hunt – o ex-ministro dos Negócios Estrangeiros foi eliminado na primeira volta e anunciou o seu apoio à candidatura do antigo chancellor.

Ainda assim, o facto de ter convencido apenas 13 dos 43 deputados que votaram em candidatos eliminados na primeira ronda pode ser um sinal de que, mesmo chegando à última etapa e em primeiro lugar, não será fácil para ele conseguir uma diferença folgada em relação ao outro finalista, no que aos apoios dos 358 deputados tories diz respeito.

Em segundo lugar na votação desta quinta-feira ficou Penny Mordaunt, com 83 votos, e na terceira posição ficou Elizabeth Truss, com 64. Tanto a secretária de Estado para a Política Comercial, como a ministra dos Negócios Estrangeiros repetiram as posições alcançadas na quarta-feira, adicionando à sua contagem mais 16 e 14 votos, respectivamente, e confirmando uma luta renhida por um bilhete para o duelo final.

Com apenas 27 apoios, a procuradora-geral, Suella Braverman, foi eliminada. Kemi Badenoch, ex-secretária de Estado das Comunidades (49), e Tom Tugendhat, presidente da comissão parlamentar dos Negócios Estrangeiros (37) completam a lista.

Feitas as contas, e se não houver nenhuma desistência até lá, estão apurados para a terceira ronda, agendada para segunda-feira da próxima semana, os seguintes candidatos: Sunak, Mordaunt, Truss, Badenoch e Tugendhat. Na sexta-feira ao início da noite, juntam-se todos para o primeiro debate televisivo desta eleição.

Mordaunt vs Truss

Nesta primeira fase da corrida à sucessão de Boris Johnson, que se demitiu na semana passada na sequência de uma onda de demissões no seu Governo, iniciada com as renúncias de Rishi Sunak e do então ministro da Saúde, Sajid Javid, votam apenas os deputados tories com representação na Câmara dos Comuns – ainda que nesta segunda ronda só tenham votado 356.

O objectivo do grupo parlamentar conservador Committee 1922, que foi quem definiu as regras deste processo eleitoral, é realizar todas as votações necessárias até sobrarem apenas dois candidatos até ao dia 21 de Julho, data em que o Parlamento britânico suspende os seus trabalhos e fecha as portas, para férias, para só as voltar a abrir em Setembro.

Assim que forem encontrados os finalistas, a votação será aberta aos cerca de 160 mil militantes do Partido Conservador. O nome do próximo líder tory e primeiro-ministro do Reino Unido será revelado no dia 5 de Setembro.

Depois de duas rondas realizadas em dois dias consecutivos, a perspectiva dos analistas é a de que os próximos três dias vão ser aproveitados pelos responsáveis das campanhas de Sunak, de Mordaunt e de Truss – as três mais fortes – para tentar ficar com os 27 votos de Braverman, por um lado, e, por outro, para convencer Badenoch e Tugendhat – os candidatos em maiores dificuldades – a abandonarem a corrida e a juntarem-se-lhes.

Ao início da noite desta quinta-feira, Braverman anunciou o seu apoio a Truss, pelo que resta saber se aqueles que votaram nela também lhe seguem o exemplo.

Esta disputa de votos e de apoios deverá ser particularmente intensa entre Mordaunt e Truss, uma vez que, apesar de terem estilos e programas diferentes, ambas representam a ala mais à direita do partido.

O facto de a primeira ser a favorita entre os militantes tories, segundo as sondagens, deverá levar a segunda a intensificar os esforços para tentar provar aos deputados que é a pessoa certa para enfrentar o mais moderado Sunak.

Promovidos por Truss ou não, certo é que os ataques a Mordaunt já começaram. Esta quinta-feira, em declarações à TalkTV, David Frost, antigo secretário de Estado para o “Brexit”, e alguém próximo da ministra dos Negócios Estrangeiros, disse ter “grandes reservas” sobre a possibilidade de a candidata poder chegar a primeira-ministra.

Revelando que pediu a Johnson para retirar Mordaunt da sua equipa de negociações com a União Europeia, Frost assumiu estar “bastante surpreendido pelo lugar que ela ocupa nesta corrida” e revelou que a secretária de Estado “não era totalmente responsável nem estava sempre visível”. “Às vezes nem sabia onde ela estava”, zombou.

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