A dança, a música e o novo circo estão de volta às ruas de Aveiro

Depois de duas edições condicionadas pela pandemia, o Festival dos Canais retoma os espectáculos de grande escala e volta a contar com recintos de maiores dimensões. Um dos destaques vai para o espectáculo MÙ.

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Festival em 2019 ADRIANO MIRANDA

Nas praças e jardins do centro da cidade de Aveiro está já tudo a postos para mais uma edição do Festival dos Canais, evento que retoma este ano algumas das suas marcas que a pandemia obrigou a suspender. É o caso dos espectáculos de grande formato, que estão de volta ao espaço público da cidade, nomeadamente aos recintos de maiores dimensões, como é o caso do Cais da Fonte Nova. O programa, que arranca já esta quinta-feira — distribuindo-se por dois fins-de-semana —, continua a apostar nas mais variadas expressões artísticas, da música à dança, passando pelo novo circo e pelas artes visuais.

São sete dias de programação intensa, marcados por algumas apresentações únicas e irrepetíveis. Será o caso do Concerto Symphonygirls, que surge de um desafio lançado pelo Festival dos Canais a três das mais conceituadas vozes femininas do panorama musical nacional: Rita Red Shoes, Carolina Deslandes e Aurea, vão juntar-se em palco, acompanhadas da Banda Sinfónica de Aveiro – Banda Amizade (concerto marcado para dia 22, no Cais da Fonte Nova). Antes disso ainda vão actuar Camané (dia 14), Moonshiners com The Legendary Tigerman, Fanfarra Káustika e O Gajo (dia 15) - ambos os concertos têm lugar na Praça do Marquês de Pombal — e Noiserv (dia 16), no Coreto do Parque da Cidade.

A proposta do festival continua a ser a de sempre. “Assumir a cidade como um palco”, destaca José Pina, director do Teatro Aveirense, a propósito do evento que se reparte por vários locais do centro e que também conta com propostas itinerantes. Disso é exemplo a Fanfarra dos Canais, que reúne músicos profissionais e amadores numa formação que anima as ruas por onde passa. Um projecto que se distingue por contar com a participação da comunidade local, tal como acontece com a peça de teatro As Sete Vidas da Argila – Como Boca-de-Barro Ganhou o seu Apelido, encenada por Jorge Louraço Figueira e concebido com o contributo dos aveirenses na criação e no elenco, ancorado na história da cerâmica de Aveiro.

Ao longo destes dois fins-de-semana - o festival acontece nos dias 14, 15, 16, 17, 22, 23 e 24 - haverá, então, muito para ver e ouvir, inclusive no que toca aos espectáculos de grande escala, como é o caso de MÙ, da Companhia Trans Express, que se inspira no imaginário de Júlio Verne (dia 23). Também os Deabru Beltzak prometem aquecer os ânimos com a sua Symfeuny, uma proposta criada a partir do fogo que irá convocar o público para uma parada (dias 15 e 16).

Este ano regressam duas zonas de estar que animaram o Festival dos Canais nos anos pré-pandemia, a Sala de eSTAR e a Funky Beach. A primeira situa-se na Praça da República e contará com um elenco de DJs. Já a Funky Beach é uma verdadeira praia urbana, com areia incluída e um bar de cocktails, situada no Jardim do Museu de Aveiro/Santa Joana. Referência, ainda, para a exposição Magic Carpets, uma mostra inspirada em Xerazade, personagem do livro As Mil e Uma Noites, que integrou o programa de abertura de Kaunas – Capital Europeia da Cultura 2022, e que inclui um programa de performances (vai estar patente no Teatro Aveirense).

Um festival ainda com margem para crescer

Depois de dois anos marcados por várias condicionantes, o Festival dos Canais quer continuar a crescer, retomando a tendência que vinha a ser seguida até 2019. “Temos um plano de desenvolvimento gradual e sustentando - quer a nível financeiro, quer da programação e público - e ele está longe de se esgotar”, assegurou ao PÚBLICO José Pina. “Temos muito por onde crescer e vamos continuar a crescer”, reforçou.

Este ano, o festival conta com um orçamento total de 420 mil euros, montante que a cidade candidata a Capital Europeia da Cultura em 2027 prevê vir a reforçar nesse trajecto de crescimento já delineado. “Estamos conscientes daquilo que é a necessidade de um evento desta dimensão e que tem um conjunto de objectivos por detrás daquilo que é a fruição cultural e que passa pela criação de públicos”, argumentou aquele responsável.

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