Casos de covid-19 aumentaram no mundo pela quinta semana consecutiva

A Organização Mundial de Saúde pronunciou-se contra o uso de dois medicamentos em casos leves ou moderados de covid-19. Esta quarta-feira, a agência norte-americana do medicamento autorizou a administração da vacina Novavax para maiores de 18 anos.

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No início desta semana, Portugal era o nono país da União Europeia com mais casos confirmados nos últimos sete dias Reuters/PASCAL ROSSIGNOL

Os casos de covid-19 continuam a aumentar em todo o mundo pela quinta semana consecutiva. É um recorde negativo, depois da tendência de descida que se verificou em Março deste ano. Durante a última semana, entre 4 e 10 de Julho, houve quase seis milhões de novos casos (um aumento de 6%) e quase dez mil mortes associadas à doença, indica a Organização Mundial da Saúde (OMS).

Os dados podem, ainda assim, estar subestimados, como refere a OMS no relatório publicado esta quarta-feira: “Estas tendências devem ser interpretadas com cautela já que vários países têm progressivamente alterado as estratégias de testagem de covid-19, resultado em menos testes realizados e consequentemente menos casos detectados.”

Em Portugal foram registadas 65.364 novas infecções pelo vírus da covid-19 e 123 mortes associadas, entre 28 de Junho e 4 de Julho, de acordo com os números mais recentes disponibilizados pela Direcção-Geral da Saúde. No início desta semana, os dados do site estatístico Our World in Data colocavam Portugal como o terceiro país da União Europeia com mais mortes por milhão de habitantes nos últimos sete dias, sendo o nono nos casos confirmados nos últimos sete dias.

A par da divulgação destes dados, foi esta quarta-feira aprovada a vacina Novavax pela agência norte-americana do medicamento (FDA, na sigla em inglês). A administração da vacina está autorizada para adultos com 18 anos ou mais – sendo mais uma opção no controlo das infecções.

Até esta decisão, apenas estavam autorizadas nos Estados Unidos as vacinas da Pfizer, da Moderna e da Johnson & Johnson. Em comunicado, o responsável da FDA, Robert Califf, destaca que a Novavax oferece “outra opção aos adultos norte-americanos que ainda não receberam uma dose da vacina contra a covid-19”.

Administrada em duas doses com três semanas de intervalo, esta vacina utiliza uma técnica mais tradicional do que a que é usada com o ARN mensageiro nas vacinas da Pfizer e Moderna. A vacina Novavax contém um componente do vírus que desencadeia uma resposta imunitária, semelhante às vacinas contra a meningite meningocócica ou hepatite B.

Nos ensaios clínicos, realizados em vários milhares de pessoas nos Estados Unidos e México, verificou-se que era 90% eficaz contra casos sintomáticos de covid-19. Apesar de esta eficácia ter sido demonstrada antes da circulação das variantes Delta e Ómicron, a vacina mantém-se eficaz, de acordo com a FDA.

Há pouco mais de dois meses, a administração da vacina Novavax também foi autorizada em Portugal, pela Direcção-Geral da Saúde.

OMS contra uso de dois medicamentos

Os medicamentos fluvoxamina e colchicine não são recomendados para doentes com covid-19 leve ou moderada. O alerta parte de um grupo internacional de especialistas da OMS, que aponta a falta de dados sobre os benefícios dos fármacos nessas situações para a advertência.

O alerta foi publicado esta quinta-feira na revista científica British Medical Journal, onde lembram que estes medicamentos nunca foram recomendados para tratar casos de covid-19 grave ou em estado crítico.

O antidepressivo fluvoxamina e o colchicine, utilizado para tratamento da gota, podem implicar potenciais danos, apesar de estes medicamentos terem tido alguma atenção como potenciais tratamentos para a covid-19 ao longo do último ano, como referem os especialistas no artigo publicado.

“As recomendações de hoje [quinta-feira] contra a sua utilização reflectem a incerteza sobre a forma como os fármacos produzem um efeito no corpo”, assim como provas de “pouco ou nenhum efeito” sobre a redução do risco de hospitalização e da necessidade de ventilação mecânica, referiu a OMS em comunicado.

A recomendação da OMS contra o uso de fluvoxamina, excepto em ensaios clínicos, baseia-se em dados de três ensaios envolvendo mais de 2.000 doentes, e o conselho contra a utilização da colchicine resulta de sete ensaios envolvendo 16.484 pessoas.