Cientistas e voluntários “surfistas” pescam microplásticos nas praias espanholas

Criado pela Universidade de Barcelona em 2020, o projecto Surfing for Science quer estudar a poluição com microplásticos em zonas pouco profundas e inacessíveis aos navios de investigação.

azul,plastico,ambiente,poluicao,
Fotogaleria
Um voluntário numa pranchana praia de Sant Sebastia durante uma acção este mês do projecto de investigação "Surf para a Ciência" da Universidade de Barcelona REUTERS/Albert Gea
azul,plastico,ambiente,poluicao,
Fotogaleria
REUTERS/Albert Gea
azul,plastico,ambiente,poluicao,
Fotogaleria
REUTERS/Albert Gea

Montados em pranchas ou caiaques e com redes de arrasto presas, cientistas e voluntários cruzam as águas ao largo das praias de Barcelona recolhendo algas misturadas com minúsculos pedaços de plástico. Criado pela Universidade de Barcelona em 2020, o projecto Surfing for Science quer estudar a poluição com microplásticos em zonas pouco profundas e inacessíveis aos navios de investigação oceanográfica e está agora a expandir-se desde a costa mediterrânica a nordeste de Espanha até à costa atlântica a noroeste.

O projecto envolveu 300 voluntários nos últimos dois anos e vai agora trazer mais “cientistas-cidadãos” das regiões da Catalunha e do País Basco, que são treinados para recolher as amostras e trabalhar em todas as fases do estudo, disseram os coordenadores do projecto.

Especialistas e activistas ambientais na Conferência dos Oceanos das Nações Unidas do mês passado alertaram que a poluição por plástico era uma ameaça crescente à vida marinha e aos seres humanos. Onze milhões de toneladas de plástico vão parar ao oceano todos os anos, o que poderá triplicar até 2040, a menos que a produção e utilização de contentores descartáveis sejam reduzidas.

Foto
REUTERS/Albert Gea

Numa praia de Barcelona popular entre os banhistas, Naia Alberdi, estudante de 22 anos e praticante de paddle, aponta para um pedaço de película plástica e partículas coloridas dentro de um saco de amostras que ela tinha retirado da rede. “Se soubessem realmente que estavam a nadar à volta de plástico, não haveria tanta gente a vir para aqui”, alerta.

No laboratório universitário onde recolheu as amostras, a professora associada Anna Sanchez Vidal, de 45 anos, sublinha que o objectivo do projecto era obter dados científicos sobre as origens da poluição por plástico, os seus componentes, e como tem variado ao longo do tempo. “Saber o que chegou ao oceano permite-nos saber onde temos de agir em terra”, disse ela, acrescentando que o principal alvo até agora eram os recipientes de utilização única.

Uma amostra de Outubro passado continha 70.000 pedaços de plástico, incluindo espuma, poliestireno, fragmentos de tampas de garrafas de água ou sacos de polietileno, sugerindo uma concentração de 45 pedaços por metro quadrado — a leitura mais elevada de sempre no estudo e uma das mais elevadas de todo o Mediterrâneo, refere a cientista.

Sugerir correcção
Comentar