OMS mantém pandemia como emergência de saúde pública internacional
Os casos de covid-19 reportados à OMS aumentaram 30% nas últimas duas semanas, em grande parte impulsionados pelas linhagens BA.4 e BA.5 da variante Ómicron. “A covid-19 não está perto do fim”, sublinha o director-geral da organização.
A Organização Mundial de Saúde (OMS) anunciou esta terça-feira que decidiu manter a pandemia de covid-19 como emergência de saúde pública de preocupação internacional, na sequência de recomendação feita pelo seu Comité de Emergência.
“O Comité de Emergência da covid-19 reuniu-se na sexta-feira e concluiu que o vírus permanece como uma emergência de saúde pública de preocupação internacional”, adiantou o director-geral da OMS em conferência de imprensa, em Genebra.
Tedros Adhanom Ghebreyesus manifestou-se “preocupado” com a recente subida do número de casos de infecção, que estão a colocar sob pressão os sistemas de saúde e os profissionais desta área.
Segundo Tedros Adhanom Ghebreyesus, o Comité de Emergência da OMS para a pandemia salientou que as sub-variantes BA.4 e BA.5 da variante Ómicron do coronavírus SARS-CoV-2 “continuam a ser responsáveis por ondas de casos, hospitalizações e mortes em todo o mundo”.
Além disso, a vigilância foi “reduzida significativamente” em muitos países, incluindo a testagem e sequenciação do coronavírus que provoca a covid-19, fazendo com que “seja cada vez mais difícil apurar o impacto das variantes na transmissão e a efectividade das contramedidas”, alertou o responsável da OMS.
De acordo com Tedros Adhanom Ghebreyesus, verifica-se ainda uma “grande desconexão na percepção da covid-19” entre a comunidade científica, os líderes políticos e o púbico em geral”, o que constitui um desafio para “construir a confiança da comunidade” nas medidas de saúde pública, como o uso de máscara, o distanciamento e a ventilação dos espaços interiores.
“Novas ondas do vírus estão a demonstrar mais uma vez que a covid-19 não está perto do fim”, sublinhou o director-geral da OMS, ao apelar aos governos para que se foquem na vacinação de reforço para que seja possível atingir o objectivo de ter 70% da população mundial imunizada contra o SARS-CoV-2.
Segundo os dados da organização, os casos de covid-19 reportados à OMS aumentaram 30% nas últimas duas semanas, em grande parte impulsionados pelas linhagens BA.4 e BA.5 da variante Ómicron, mas também devido ao levantamento de medidas de saúde pública que tinham sido adoptadas para conter a transmissão do vírus.
De acordo com a OMS, o Comité de Emergência concordou unanimemente que a pandemia ainda cumpre os critérios de um acontecimento extraordinário que continua a afectar negativamente a saúde da população mundial e que a disseminação internacional das novas variantes do SARS-CoV-2 pode apresentar um impacto ainda maior na saúde.
Os peritos deste comité admitiram que a evolução contínua do coronavírus SARS-CoV-2, embora inerente a todos os vírus, continue de forma imprevisível.
O Comité de Emergência para a covid-19 realizou sua primeira reunião em 22 e 23 de Janeiro de 2020 e, dias depois, o director-geral da OMS declarou que o surto de SARS-CoV-2 constituía uma emergência de saúde pública de preocupação internacional (PHEIC, na sigla em inglês).
A este comité, que reúne por convocação do director-geral da OMS, cabe recomendar se um surto constitui uma emergência de saúde pública, propondo medidas temporárias para prevenir e reduzir a propagação de uma doença e gerir a resposta global à saúde pública, se assim for necessário.
A PHEIC é declarada com base num “um evento extraordinário, grave, repentino, incomum ou inesperado”, com implicações para a saúde pública para além da fronteira nacional do Estado afectado e que pode exigir uma acção internacional imediata.