Governo escolhe Miguel Martin para gerir dívida pública

Sucessor de Cristina Casalinho na liderança do IGCP, proposto pelo Ministério das Finanças, é actualmente gestor na operadora de auto-estradas Ascendi.

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Cristina Casalinho é presidente do IGCP há oito anos Daniel Rocha

Miguel Martin, um gestor financeiro com experiência no sector das águas, energia e auto-estradas, é o nome escolhido pelo Governo para substituir Cristina Casalinho à frente da agência que gere a dívida pública portuguesa. A proposta do Ministério das Finanças já aguarda a aprovação da Cresap - Comissão de Recrutamento e Selecção para a Administração Pública, uma informação avançada esta terça-feira pelo jornal online Eco e entretanto confirmada pelo PÚBLICO junto de fonte conhecedora do processo.

Ao fim de dez anos na Agência de Gestão da Tesouraria e da Dívida Pública - IGCP, oito dos quais como presidente, Cristina Casalinho, que em entrevista recente ao Observador afirmou que “dez anos é muito tempo” e que “a instituição precisa de gente nova, com novos olhos”, irá abandonar o cargo brevemente. E o seu substituto será, se a escolha das Finanças acabar por ser confirmada, Miguel Martin, gestor na concessionária de auto-estradas Ascendi desde 2019.

Com 52 anos, o gestor foi, entre 2016 e 2019, director financeiro na Águas de Portugal, onde trabalhou com o actual secretário de Estado do Tesouro, João Nuno Mendes. E entre 2000 e 2016, trabalhou no sector da energia, primeiro na Galp e depois na SGC Energia, também como director financeiro.

Os seus futuros colegas na administração do IGCP contam com mais experiência na área das emissões de dívida soberana. Rui Amaral, da Caixa - Banco de Investimento, é o outro nome escolhido pelas Finanças para fazer parte da nova equipa que irá liderar o IGCP. E Rita Granger irá transitar da actual equipa liderada por Cristina Casalinho.

António Pontes Correia, há quase 40 anos a trabalhar na gestão da dívida pública e também vogal da actual administração, poderá assegurar interinamente a liderança do IGCP, no período entre a saída de Cristina Casalinho e a entrada de Miguel Martín.

Miguel Martín assume a liderança do IGCP numa altura desafiante. A subida da inflação está a forçar o Banco Central Europeu (BCE) a reverter as políticas expansionistas dos últimos anos e isso está ter como consequência a subida das taxas de juro da dívida da generalidade dos países da zona euro, com uma pressão adicional a ser sentida pelos chamados países periféricos, onde se inclui Portugal.

O longo período de taxas de juro muito baixas a que se assistiu na última década e a estratégia seguida nos últimos anos de alargamento dos prazos de emissão de dívida fazem com que o Tesouro português tenha agora um maior espaço de manobra na altura de decidir qual é o momento adequado para realizar novas emissões de dívida.

No entanto, o novo presidente do IGCP terá de lidar com um cenário em que a ajuda do BCE, através da compra líquida de grandes volumes de títulos de dívida pública portuguesa, será muito mais limitada e em que as atenções dos mercados irão estar novamente centradas nos países da zona euro com maiores volumes de dívida acumulada.

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