Blondie contra os maus

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Gus Stewart/Redferns/Getty Images

Não é a primeira vez que a série documental de seis episódios Apocalipse: A Segunda Guerra Mundial aparece na televisão portuguesa. Em 2021, na RTP2, esta produção franco-suíça mostrou imagens inéditas do terrível conflito mundial. Naquele ano, pareciam distantes, muito distantes, de outro tempo, outro mundo. Um ano depois, a distância encurtou-se e daí, talvez, a oportunidade da reposição, ainda que a horas mais tardias. Para muitos espectadores, admita-se, não trará nada de novo. As datas, os acontecimentos ou os protagonistas são razoavelmente familiares e as imagens dos mortos nas guerras, a data altura, transformam-se em mais imagens de mortos nas guerras. Não escrevo isto com toda a sinceridade, mas porque foram as imagens dos vivos — vivos ainda no documentário — que me chamaram atenção. Principalmente, as dos soldados alemães e nazis. Têm os cabelos despenteados, os rostos curtidos pelo sol, os corpos dobrados pelo sono e o cansaço. Alguns (não faltam soldados com as insígnias das SS) provavelmente acabaram de assassinar civis ou famílias judias ou fá-lo-ão em breve. Mas ali a cores, parecem todos tão mundanos, tão tangíveis. Diria que até os reconheço, não fosse o abismo inultrapassável que os crimes hão-de cavar.

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