Coligação conservadora no poder ganha com muita vantagem as eleições no Japão

Dois dias depois do assassinato do ex-primeiro-ministro japonês, o Governo conseguiu uma maioria confortável e os partidos que querem mudar a Constituição pacifista têm os dois terços que precisavam.

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Fumio Kishida, o actual primeiro-ministro, é quem lidera as previsões antecipadas desta votação Reuters/POOL

A coligação conservadora que apoia o actual Governo do Japão confirmou este domingo nas urnas o favoritismo que lhe dava as sondagens. Quando faltavam atribuir cinco lugares na câmara alta da Dieta, o Parlamento japonês, o Partido Liberal Democrático (PLD), do primeiro-ministro japonês, Fumio Kishida, e o Komeito tinham uma confortável maioria de 146 lugares contra 96 da oposição, de acordo com o diário japonês Asahi Shimbun.

O facto de as eleições terem decorrido dois dias depois do assassinato do ex-primeiro-ministro Shinzo Abe, que se candidatava a um lugar na câmara alta pelo PLD, e a descida do principal partido da oposição, o Partido Democrático Constitucional, que só conseguiu 16 lugares, terão contribuído para o resultado da coligação que governa o país há duas décadas.

Com este resultado, o Governo vai ter a oportunidade de conseguir rever a Constituição pacifista, algo pelo qual Shinzo Abe se bateu durante a sua carreira política, mas nunca conseguiu maioria suficiente para concretizar. Em conjunto, os quatro partidos que defendem a revisão constitucional – além do PLD e do Komeito, também o Partido da Inovação Japonês e o Partido Democrático para o Povo –​ devem conseguir a maioria de dois terços necessária para aprovar o processo.

Todos os partidos defenderam em uníssono a realização de eleições apesar do choque que o crime representou. “As eleições são o pilar da democracia, e a democracia deve ser defendida”, disse Fumio Kishida, na sexta-feira.

“Não podemos ceder à violência e, por isso, continuaremos a lutar na campanha eleitoral até ao fim. Espero que o povo do Japão pense nisto, compreenda e trabalhe muito para continuar a proteger a nossa democracia”, sublinhou o primeiro-ministro, citado pela Europa Press.

O assassinato, que ocorreu na sexta-feira, chocou tanto o país quanto a comunidade internacional, gerando uma onda de condenações até mesmo de nações com as quais Abe tinha relações, por vezes, difíceis, como a China e a Coreia do Sul.

O homem apontado como autor do crime, Tetsuya Yamagami, de 41 anos, está detido e confessou aos investigadores que atacou Abe porque acreditava que o político estava ligado a uma organização não identificada que tinha causado muito dano à sua família.

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