Da Weasel não põem de parte fazer mais concertos depois do festival Nos Alive
Os seis elementos da banda falaram aos jornalistas antes do concerto mais aguardado do evento e deixaram a porta aberta à possibilidade de mais actuações.
- No princípio era o verbo. A história oral dos Da Weasel. Falámos, ao longo de dois anos e meio, com os membros do grupo e pessoas que se cruzaram com eles ou foram por eles influenciadas para traçar a sua história.
Os Da Weasel, que se reuniram sábado à noite para um concerto no festival Alive, em Oeiras, 12 anos após a banda ter terminado, admitiram fazer mais concertos e contaram que será editada, no próximo ano, uma biografia do grupo.
“O nosso ‘mister' disse que só se fala do próximo jogo a seguir a este jogo”, disse o baixista do grupo, Jay (João Nobre), num encontro com a imprensa, horas antes de a banda subir ao palco principal do festival Nos Alive, a decorrer no Passeio Marítimo de Algés. Os seis elementos da banda, que envergavam t-shirts da selecção portuguesa de futebol, deixavam assim a porta aberta à possibilidade de realizarem mais concertos.
O vocalista, Pacman (Carlos Nobre, que o público agora conhece como Carlão), explicou que a banda decidiu reunir-se para o concerto no festival Alive, 12 anos após o final da banda, porque “houve um momento em que toda a gente estava para aí virada”.
“Acabámos por nunca fazer um último concerto, uma despedida como deve ser. Este é o momento para isso. Estamos bem rotinados, temos tudo para dar esse concerto e fechar um ciclo”, afirmou. Os Da Weasel, formados no início da década de 1990, anunciaram em 2009 querer fazer uma pausa, depois de anos consecutivos de concertos e gravações discográficas.
No ano seguinte, era anunciado oficialmente o fim do grupo, restando aos fãs a discografia até então editada — seis álbuns de estúdio, um EP e dois DVD ao vivo — e canções como Good bless johnny, Dúia, Agora e para sempre (a paixão), Ressaca, Dou-lhe com a alma, Dialectos de ternura e Tás na boa.
O concerto de reunião da banda foi anunciado em 2019 e deveria ter acontecido em Julho de 2020. No entanto, a pandemia da covid-19 acabou por fazer com que fosse adiado para 2022.
Segundo Jay, foram “dois anos de grande expectativa, grande angústia”. “Foi duro, mas já passou. Está quase, já nem pensamos nisso”, disse. Sem quererem abrir o jogo em relação a futuros concertos ou álbuns, o baixista partilhou que, “no início do próximo ano”, será editada uma “biografia autorizada do grupo”.
Quanto à hipótese de os milhares de pessoas que esgotaram sábado e a lotação do festival estarem ali só para os ver, Carlão disse não poder relacionar uma coisa com a outra.
No entanto, partilhou que, “desde 2019”, os seis elementos da banda sentiram “uma onda inacreditável de amor e energia de todas as partes do país”. Numa volta pelo recinto, encontram-se várias pessoas que envergam t-shirts dos Da Weasel.
Adriana Costa e Rui Chanfana são duas dessas pessoas. Compraram bilhete logo em 2019, quando o concerto foi anunciado, num pacote que trazia também uma"t-shirt com a data inicial do concerto: 11 de Julho de 2020.
Rui viu “bastantes concertos” dos Da Weasel, mas não se lembra quando foi o último. Sábado, acreditava que a banda “vai surpreender” e concorda com Adriana, quando esta diz que “vai ser fantástico, memorável”. Rui acha que este concerto será “o único, infelizmente”, Adriana ainda acredita que pode haver mais.
Os dois vieram de Felgueiras, com vários amigos, entre os quais João Carvalho e Ana Baptista. Também eles com bilhetes comprados em 2019 e “12 anos à espera deste concerto”. Hoje, João espera “o normal da melhor banda portuguesa de sempre, em palco, a energia de toda a formação a rebentar, como rebentavam há 15 anos”.
Para Ana, este será o primeiro concerto dos Da Weasel. Tem expectativa de que seja “um grande concerto, um bocadinho influenciada por ele [João]”.
Quanto à hipótese de os ver mais vezes em palco depois de sábado, João Carvalho defende que “não pode passar sem [os Da Weasel] voltarem lá acima [ao Norte do país]”.
“Da Weasel tinha uma massa de fãs muito forte no Norte. Há muita gente ‘lá de cima’ que não veio e que merece um concerto lá em cima, no Porto”, argumentou. Também Teresa Matos e Tiago Gaspar tinham bilhete para ver os Da Weasel em 2020, “desde o primeiro dia [em que foram postos à venda]”.
“Fui eu comprar os bilhetes”, lembrou Tiago, que não vê a banda ao vivo desde 2004, num concerto em Mação. Como tantos outros fãs, também Tiago espera que a banda continue, mas acha “difícil”. “Acho que [este concerto] é para relembrar os velhos tempos”, disse. Já Teresa Matos acredita que “vai ser tipo estrela cadente”.
“Eles vão aparecer de vez em quando, e de vez em quando vamos conseguir ver. Mas não vai ser um regresso normal”, afirmou. Só depois do concerto deste sábado se saberá se esta “estrela cadente” irá brilhar mais vezes no céu, ou se foi uma vez sem exemplo.
Antes de a banda subir ao palco foi exibido no festival o documentário Da Weasel (Agora e para sempre), da Antena3, com autoria de Bruno Martins, com realização de Catarina Peixoto e ilustrações de António Piedade.
Os fãs com quem a Lusa falou esperam ouvir temas como Tás na boa, Toda a gente, Duía, Adivinha quem volto”, Casa (Vem fazer de conta), Selectah, Serviço.
A 14.ª edição do Nos Alive começou na quarta-feira e termina este domingo. Além dos Da Weasel, o cartaz de sábado incluiu também Imagine Dragons, Two Door Cinema Club, Caribou, Parcels, Manel Cruz, Phoebe Bridgers, DJ Vibe, Salvador Martinha, Marco Rodrigues, Cintia e Russa, entre muitos outros.