Bloco de Esquerda diz que Portugal é dos “mais colonizados” da Europa na cultura

Catarina Martins diz que monopólio na exibição cinematográfica e falta de remuneração dos artistas nas plataformas de streaming diminuem produção local.

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Catarina Martins fotografada dia 7 de Julho RODRIGO ANTUNES/LUSA

A líder do Bloco de Esquerda (BE), Catarina Martins, disse sexta-feira que a política cultural que “mexe milhões” em Portugal, faz dele um dos países “mais colonizados” na Europa e com menos produção artística.

“A política cultural existe sim e mexe milhões. São os milhões que fazem de Portugal um dos países mais colonizados de toda a Europa, um dos países onde se vê menos produção artística nacional e local”, acusou Catarina Martins.

A líder do BE falava sexta-feira em Viseu, na inauguração da Sementeira, uma semana cultural que decorre até 16 de Julho, com concertos, instalações e exposições, e que é organizada, há dez anos, pelo partido a nível local e decorre no centro histórico, onde está a sede do partido.

“Dizemos que a política cultural são os 0,25 do Orçamento do Estado. Se acreditássemos nisso, dizíamos que não havia política cultural. E há. A política cultural está nos streamings que não paga aos artistas que passa e embora cobre dinheiro a quem vê para passar o que os artistas fazem”, apontou. E, continuou, “está nas salas de cinema que foram fechadas por todo o país, enquanto há o monopólio da Nos” e “existe sim e tira capacidade” ao país “todos os dias” a quem quer criar.

“Por isso, a Sementeira é também uma afirmação da visibilidade do nosso país, da nossa capacidade de criar, de nos transformarmos, porque nós acreditamos neste país, nesta cidade”, defendeu. Catarina Martins elogiou todos quantos têm os seus trabalhos expostos nesta edição e destacou a sua diversidade e, por isso, sublinhou a forma como o espaço se “foi afirmando ao longo do tempo”.

“E isso significa fazer as coisas de maneira diferente, aceitando tudo o que chega, dizendo que sim, que uma sede partidária é uma galeria de arte também. (...) A arte é feita de massa crítica e de liberdade e da extraordinária liberdade destas paredes e da massa crítica que se vai criando surgem obras extraordinárias”, destacou.

A líder bloquista considerou ainda que “a desvalorização das artes se faz todos os dias” e partilhou, a título de exemplo, a conversa que teve com estudantes na cidade da Guarda que diziam que “só há duas escolas” naquela cidade que têm artes.

“A desvalorização das artes faz-se todos os dias, a desvalorização do interior e do país faz-se todos os dias, nestes gestos que são decididos e que nos retiram capacidade de criação. Estar aqui é esse ato revolucionário de não aceitar que assim seja e saber que a arte está no meio da nossa vida”, finalizou.