Autarca quer proibir banhos na cascata do Tahiti no Gerês para “proteger vidas”
A Cascata Fecha de Barjas, celebrizada como Cascata do Tahiti, fica perto da aldeia da Ermida. Presidente da câmara de Terras de Bouro defende proibição alegando “problema de segurança” e “irresponsabilidade” de alguns visitantes. Já houve acidentes, “alguns deles, infelizmente, mortais”.
O presidente da Câmara de Terras de Bouro, distrito de Braga, assumiu esta terça-feira que quer proibir os banhos na cascata do Tahiti, no Gerês, devido aos acidentes, alguns fatais, considerando haver “irresponsabilidade” e “um problema de segurança”.
“Quero que a cascata do Tahiti tenha, de facto, um local de visitação, que seja um miradouro de excelência arquitectónica, incluído na paisagem, mas, não consigo, enquanto responsável máximo da protecção civil em Terras de Bouro, conceber que as pessoas vão utilizando a cascata do Tahiti, acabam por ter acidentes, alguns deles, infelizmente, mortais”, disse Manuel Tibo, aos jornalistas.
As declarações do autarca, eleito pelo PSD, foram feitas durante a visita do secretário de Estado da Conservação da Natureza, das Florestas e Ordenamento do Território, João Catarino, que se deslocou àquele concelho para assinalar a melhoria das condições de visitação do Parque Nacional da Peneda Gerês (PNPG).
“Não posso enterrar a cabeça na areia. Venho falando sobre isto, tenho falado com a tutela para que possamos criar um projecto, e vamos criá-lo. Ontem [segunda-feira] estivemos até com o senhor secretário de Estado nesse sentido, de podermos, através da melhoria das condições de visitação, de candidatarmos a um miradouro da cascata do Tahiti, fazermos uma vedação”, referiu Manuel Tibo.
A cascata do Tahiti é um dos locais mais emblemáticos do PNPG que, segundo o presidente do município de Terras de Bouro, é visitado anualmente por “milhares” de turistas, acrescentando que tem o dever de “proteger vidas”, em vez de “fazer de conta que nada existe".
“Existe um problema de segurança naquela cascata e, no que diz respeito ao município de Terras de Bouro, sou completamente contra ir a banhos, não à visitação e ao usufruto daquela imagem. É um local muito procurado, mas há muita irresponsabilidade naquele local por parte das pessoas que utilizam aquele espaço. Não são todas, mas algumas é uma irresponsabilidade total. E, quando assim é, devemos ter a coragem para podermos sinalizar aquilo, porque não é bonito e esperemos que nada aconteça”, afirmou o autarca.
Manuel Tibo explica que a decisão final sobre a proibição de ir a banhos na cascata do Tahiti tem de ser “concertada” com os particulares, donos dos terrenos envolventes, com a Agência Portuguesa do Ambiente (APA) e com o Instituto da Conservação da Natureza e das Florestas (ICNF). Sobre se essa decisão será tomada ainda este verão ou no próximo, o autarca não tem certezas.
“Não posso dar essa garantia, até para este ano [sobre quando a proibição a banhos será adoptada]. Esperamos que não aconteça, mas imaginemos que acontece uma morte. Alguém pode acabar por falecer em 2022 na visitação daquela cascata. Estou em crer que as outras entidades certamente vão arrepiar caminho e vão querer encontrar solução rapidamente”, vaticinou Manuel Tibo.
O autarca de Terras de Bouro deixou ainda a possibilidade de a cascata e as suas potencialidades poderem ser “exploradas” ao longo de todo o ano e não só no verão.
“A beleza de uma cascata é quando tem água. No inverno aqui chove muito, pode haver uma visitação daquela cascata muito melhor. Agora, a questão dos banhos, temos outras zonas de lazer, temos a albufeira da Caniçada, onde queremos que as pessoas estejam mais à vontade, noutras cascatas não vêem nenhum tipo de intervenção por parte do município para o seu impedimento, mas naquela sim, porque, todos os anos, infelizmente, há acidentes”, disse Manuel Tibo.