Ao todo, 27 colectivos nacionais reúnem-se, a partir de quarta-feira, em Melides, no concelho de Grândola (Setúbal), num acampamento “pela justiça climática”, que prevê acções e manifestações na refinaria da Galp e Porto de Sines.
O acampamento 1.5, “contra o capitalismo fóssil que se concentra no litoral alentejano, sob a forma da expansão da agricultura hiperintensiva e da zona industrial de Sines”, realiza-se a partir de quarta-feira e até ao próximo domingo, avançou, em comunicado, a organização.
O ponto alto do evento acontece no sábado, com a realização de uma acção directa “não violenta” na refinaria da Galp em Sines, a partir das 7h, seguida de uma manifestação, entre o Jardim da República e o Porto de Sines, a partir das 15h30.
“Esta refinaria é a infra-estrutura com as maiores emissões com gases de efeito de estufa em Portugal e continua a funcionar sem uma transição justa para os seus trabalhadores”, disse à agência Lusa Leonor Canadas, porta-voz da Climáximo para o acampamento 1.5.
Na acção, “vamos apresentar o nosso plano pela transição justa, guiado pela ciência climática e liderada pelos trabalhadores e comunidades”, que “permita encerrar” esta infra-estrutura “de uma forma justa”, responsabilizando “financeiramente a Galp e os seus accionistas”, explicou.
Durante a tarde, os activistas vão realizar uma marcha até ao Porto de Sines, alertar para a expansão da sua capacidade, com vista à “importação de gás fóssil” e vão manifestar-se contra o transporte e “exportação de animais vivos”, revelou.
De acordo com este movimento pela justiça climática, o acampamento em Melides, que já conta com mais de 120 participantes, prevê a realização de formações, treinos, acções, debates e convívio.
“Num momento em que governos por todo o mundo aceleram rumo ao colapso, e mesmo perante a crise do gás ligada com a guerra na Ucrânia, a aposta é mais gás e expandir este sistema e a importação por Sines, é preciso assinalar inequivocamente e agir contra esta pulsão suicida”, lê-se no comunicado.
Também “as realidades do litoral alentejano” serão abordadas, com “testemunhos e reflexões das comunidades locais sobre a situação actual”, refere o movimento pela justiça climática.
As monoculturas agrícolas hiperintensivas, a gestão da água e dos solos, o trabalho semiescravo nas estufas, a falta de transportes públicos e o encerramento de infra-estruturas sem planos de transição para quem trabalha e para as comunidades locais vão estar em evidência.
Também as “monoculturas de alimentos e de painéis solares, os resorts de luxo e campos de golfe e o aumento da capacidade do Porto de Sines que importa gás fóssil e transporta animais vivos por milhares de quilómetros”, serão debatidos durante o encontro.
O acampamento conta com a participação do colectivo Climáximo, a Academia Cidadã, a AmbientalIST, a Associação Portuguesa de Educação Ambiental (ASPEA), CIDAC, Circular Economy Portugal, A Colectiva, Dunas Livres, Frente Activa pela Libertação Animal, GAIA Alentejo, GAIA Lisboa, GEOTA, Greve Climática Estudantil Lisboa, Habita e Humans Before Borders.
O movimento Juntos Pelo Sudoeste, Marca - ADL, NAPA - Núcleo Académico pela Protecção Ambiental, NASP - Núcleo de Alunos de Sociologia do Porto, Plataforma Anti-Transporte de Animais Vivos (PATAV), Precários Inflexíveis, ProTEJO, PT Revolution Tv, SOS Racismo, Sindicato de Trabalhadores de Call Center, Tamera e a Plataforma TROCA também fazem parte da iniciativa.