A época de exames traz-nos de tudo. A mim? Uma desconcertante sensação de indiferença que desconhecia. Ouço este termo desde o meu 4.ª ano e já na altura, ao ouvi-lo, via a importância que carrega. Porém, como não tive exames no 9º, só este ano é que me apercebi do que significava.
No início do ano, quando a preparação da escola se intensificou, comecei a sentir a pressão do que implicava no futuro, o que me permitiria alcançar ou não e, à deriva na minha imaginação, criei todo o tipo de expectativas. Mas nada se compara ao que realmente é.
Assim que a escola acaba, não há pausa nem férias: há aulas de preparação e exames de anos anteriores a ser feitos.
Eu estava exausta depois do ano lectivo, portanto decidi parar alguns dias para me recompor. Ao voltar, percebi o quão atrás isso me tinha deixado e o quão instáveis alguns dos meus colegas estavam pela quantidade de estudo.
Finalmente, naquela ânsia nervosa, planifiquei os meus dias e comecei a aplicar-me. Fui a algumas aulas, tive explicações e fiz exames. O stress diminuía e a sensação de impotência contra a distracção ou a criatividade do Iave aumentava.
Antes de tudo, agradeço a este vírus amigo que permitiu as respostas opcionais.
O primeiro exame da minha lista era o de Física e Química A. Sentia-me confiante na matéria, mas sabia que se não me concentrasse teria de ir à segunda fase e à primeira do próximo ano. Sabia que se me corresse mal teria as opções de faculdade limitadas e, na grande entropia que me encontro quanto ao assunto, isso não era uma possibilidade.
Assim, a tentar focar-me no “agora”, a primeira corrida foi a de encontrar o cartão de cidadão; parece que as coisas desaparecem exactamente quando precisamos delas.
A segunda foi mental. Foi obrigar-me a entrar naquela sala que emanava um ambiente inexplicável e relaxar, ligar a cabeça ao corpo e fazer o exame. Não considerei difícil nem que estivesse pouco preparada nem saí enjoada, até ri um bocadinho. Vi que a ansiedade e desespero eram completamente desnecessários. Não valia abstinência de sonhos nem o consumo da alma.
No entanto, posso garantir que depois de ver os critérios tudo o que se instalou foi irritação por passar mal respostas, ler mal os enunciados e trocar valores. Mas de que me serve a irritação? Escolho então a indiferença. Podia ter corrido melhor, mas não correu. Os próximos dois haverão de ser melhores.
Não escondo que continuo preocupada com o significado de uma nota indesejada, mas haverei de reaver a motivação quando estiver em Santos nestas noites como celebração de um desafio ultrapassado.