Crise no Governo italiano obriga Draghi a abandonar mais cedo a cimeira da NATO
O líder do Movimento 5 Estrelas, Giuseppe Conte, acusa o primeiro-ministro de tentar afastá-lo do seu partido.
O primeiro-ministro italiano, Mario Draghi, abandonou mais cedo a cimeira da NATO em Madrid, na quarta-feira, devido a uma crise política na coligação alargada que apoia o seu Governo, depois de o líder do Movimento 5 Estrelas (M5S), Giuseppe Conte, ter acusado o chefe do executivo de “pedir a sua cabeça”.
Depois de jantar no Museu do Prado com o resto dos dirigentes dos Estados-membros da NATO, Draghi anunciou que antecipava o seu regresso a Roma para presidir ao conselho de ministros desta quinta-feira, em que está prevista a aprovação de medidas para enfrentar o aumento do preço da electricidade e outras medidas contra a inflação.
Na quarta-feira à tarde, Giuseppe Conte acusou o primeiro-ministro italiano de pedir ao fundador do seu partido, o comediante Beppe Grillo, que o afastara da liderança do M5S.
“Grillo disse-me que Mario Draghi lhe pediu que afastara Giuseppe Conte do M5S porque era desadequado”, assegurou o sociólogo Domenico De Masi, numa entrevista ao diário Il Fatto Quotidiano, citação que Conte usou para atacar Draghi.
O Palazzo Chigi, sede da presidência, desmentiu a declaração poucas horas depois.
Depois da declaração de Masi, o líder do M5S e ex-primeiro-ministro italiano reuniu-se com o Presidente italiano, Sergio Matarella, tendo-lhe transmitido “a gravidade da situação”, sem, no entanto, aludir a qualquer saída do seu partido do Governo.
“Sinceramente parece-me grave que um primeiro-ministro tecnocrata, que foi investido por nós, se intrometa na vida das forças políticas que o apoiam”, sublinhou Conte, em declarações ao Corriere della Sera.
Draghi tentou pôr água na fervura na quarta-feira, ainda em Madrid: “Já falei com Conte há pouco. Telefonei-lhe esta manhã, depois telefonou-me ele e começámos a esclarecer as coisas. Vamos voltar a falar amanhã [quinta-feira] para nos vermos o mais breve possível”.
O primeiro-ministro também se apressou a esclarecer que “o Governo não está em risco”.