Praias com acesso pago, restringido, proibido: Sardenha quer proteger mais os areais “cansados” do turismo
São tão bonitas (até as há de areia cor-de-rosa) quanto frágeis e por isso a Sardenha decidiu aumentar os níveis de protecção. Algumas praias da ilha e da região autónoma italiana têm acesso restringido por novas regras, incluindo com numerus clausus e lotação controlada. Há até areais onde é probido usar toalha.
Não é segredo a beleza da costa da Sardenha e das ilhas vizinhas que compõem a região autónoma italiana homónima – as suas praias são presença habitual nas listas das mais bonitas de Itália e da Europa. Não surpreende, portanto, que não passe incólume pelo radar dos turistas. Mas, como em tantos outros locais, o turismo de tão excessivo ameaça a integridade destas e por isso, antecipando um Verão de retoma turística, foram adoptadas novas leis que vão desde a proibição de fumar ou de usar toalhas a “convites” para não usar plásticos, por exemplo, à limitação do acesso a algumas das suas praias mais conhecidas – ou até à proibição total.
Não é sequer novidade, na verdade. Desde meados da década de 1990 que o acesso à famosa Spiaggia Rosa (Praia Rosa), na ilha de Budelli (uma das ilhas do arquipélago La Maddalena), está proibido porque, como recorda a Euronews, a areia, cor-de-rosa, começou a desaparecer: tornou-se um dos souvenirs preferidos dos turistas – souvernir que, aliás, na Sardenha é proibido. Os turistas continuam a querer vislumbrar as areias rosadas, mas só o podem fazer à distância, desde barcos. E, este ano, outra das praias da ilha de Budelli, a Spiaggia del Cavaliere, também fechou a visitantes para preservar a sua natureza feita de areias finíssimas e uma água que transita entre o verde-esmeralda e o azul turquesa e se apresenta como uma piscina natural, protegida que está a praia das correntes.
Se esta é a medida mais radical adoptada, a mais generalizada é o controlo dos acessos, com numerus clausus diários e o pagamento de entradas. Ainda no arquipélago La Maddalena, na ilha de Caprera, tanto a icónica Cala Coticcio, penhascos rosa, areia branca e água turquesa, conhecida como “Tahiti”, como a mais desconhecida Cala Brigantina, ambas no Parque Nacional da Maddalena só poderão ser visitadas por 60 pessoas por dia. Para conseguir ser um dos felizardos, é necessária reserva online, o pagamento de três euros e a companhia de um guia oficial.
É, contudo, na ilha da Sardenha que mais limitações são impostas, sobretudo na costa leste, como é habitual em questões de turismo de praia, sublinha o jornal italiano La Nuova Sardegna. O mesmo jornal alerta para a existência de várias “situações limite” na costa ocidental, embora aí existam apenas restrições na Spiaggia la Pelosa, águas transparentes tons Caraíbas, a dois quilómetros da pequena aldeia piscatória de Stintino. A praia de 300 metros de comprimento e que chega a 60 metros de largura em alguns pontos passará a receber apenas 1500 banhistas diários (contra os quatro mil que receberia antes da declaração de pandemia), que terão de pagar 3,50 euros pelo acesso e não poderão levar toalhas – sugerem-se antes esteiras, que à partida agarram menos areia, logo são amigas dos areais.
Na costa leste, então: em Ogliastra, a Cala Birìala poderá ter no máximo 300 pessoas no seu areal, sendo que a estadia não poderá ser de mais de duas horas – na Cala dei Gabbiani, as mesmas regras para uma lotação diária de 350 pessoas. Na Cala Sisine, poderão entrar 1600 pessoas por dia e na Spiaggia di Santa Maria Navarrese 1300; na Cala Mariolu, os 550 banhistas admitidos diariamente têm de pagar um euro.
Em Castiadas já o ano passado se pagavam 3,50 euros para aceder à Cala Pira e este ano um sistema semelhante existe em Villasimius, no sudeste da Sardenha, aqui acrescentando-se lotação para algumas da praias: em Punta Molentis, 500 pessoas, em Riu Trottu, 150 e em Portu Sa Ruxi, 450. Nestas praias, cada veículo estacionado paga 10 euros, a que se soma um euro por cada passageiro – para ciclistas e caminhantes a entrada fica por 3 euros.