Memória descritiva dos Açores
Um olhar simpático mas passageiro sobre os Açores, mais interessante pelas memórias que recorda do que pela forma que lhes dá.
Junho tem sido um mês invulgar para a produção portuguesa, com uma grande (talvez excessiva) quantidade de documentários a serem lançados em sala (Vieirarpad, Um Corpo que Dança, Os Grandes Criadores, Ilha dos Pássaros…). A este lote vem agora juntar-se Entre Ilhas, espécie de “extensão” da tese de doutoramento da antropóloga espanhola radicada em Portugal Amaya Sumpsi. E dizemos “extensão” porque o filme prolonga o tema desse estudo, a saber a circulação marítima entre as ilhas dos Açores — ou antes, a memória dessa circulação precária de barcos de transporte entre o arquipélago, e o modo como eles contribuíam para a ligação ao mundo mas também para o isolamento, a partir de entrevistas, imagens contemporâneas e imagens de arquivo. Um dos entrevistados recorda como, antes do avião, a ideia de ir ao continente implicava desde logo pôr de parte duas semanas apenas para a ida e volta de barco até Lisboa. E é fascinante ouvir os depoimentos dos “sobreviventes” desse passado (não tão longínquo como isso), a partir dos quais Amaya Sumpsi tenta desenhar um retrato, mesmo que assumidamente incompleto, da insularidade açoriana.
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