Michel Eltchaninoff: Putin “é um pouco o Joker de Batman

Às tantas, nesta conversa, Michel Eltchaninoff fala de Vladimir Putin como alguém que gosta de se fazer passar pelo “mau da fita”, mas que seduz justamente pelo seu lado transgressor. Como a personagem de um filme. “O problema é que não estamos no cinema e a guerra na Ucrânia mostra quem é a verdadeira personagem.” Uma conversa lúcida com o autor que entrou na cabeça do czar desta Rússia.

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Manon Jalibert

Doutorado em Filosofia e especialista em história do pensamento russo, Michel Eltchaninoff é ainda editor-chefe da revista francesa Philosophie. Dedica-se ao estudo do percurso político de Vladimir Putin, desde que chegou ao poder no Kremlin há duas décadas. O seu livro Na Cabeça de Putin é sobre as origens ideológicas que moldam o pensamento do Presidente russo e a sua evolução. Acaba de sair na Livros Zigurate e teve a primeira edição em França em 2015, logo depois da primeira invasão do Donbass e da anexação da Crimeia. Não podia ser mais actual. Ajuda a preencher uma enorme lacuna sobre a personagem que declarou, em 2005, o fim da União Soviética como “a maior catástrofe geopolítica do século XX”, embora não defenda o regime comunista nem professe o marxismo, e que quer devolver à Rússia um papel mundial na luta contra o Ocidente. O seu pensamento, segundo o autor, assenta em quatro pilares: o sovietismo; a “via russa”, ou “eslava” para o desenvolvimento; o conservadorismo; e a defesa do espaço euro-asiático. O resto é o desprezo total pela vida humana, a brutalidade da guerra, a transgressão da lei internacional. Irá até ao fim para ficar na História. O autor não tem sobre isso qualquer ilusão.

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