Aves migratórias em declínio pela acção humana e alterações climáticas, diz estudo
O estudo da universidade britânica teve a colaboração de universidades portuguesas.
As aves migratórias estão em “grande declínio” em todo o mundo, devido à modificação da paisagem pelos seres humanos, à caça e às alterações climáticas, alerta-se num estudo divulgado esta sexta-feira.
Da responsabilidade da universidade britânica East Anglia (UEA), com a colaboração de universidades portuguesas, o estudo indica que o declínio das populações tem sido maior nas espécies que migram para áreas com mais infra-estruturas humanas (como estradas, casas, linhas eléctricas ou moinhos de energia eólica), com mais pessoas e com mais elevados níveis de caça.
A degradação do habitat, nota-se no estudo, também tem contribuído para a redução das aves migratórias a longo prazo, além das alterações climáticas. Os investigadores identificaram 16 ameaças às aves migratórias induzidas pelo Homem, incluindo a perturbação e colisão das aves com infra-estruturas, ou a conversão da terra para uso humano.
Foram estudadas 103 espécies de aves migratórias, incluindo espécies em rápido declínio, como a rola-brava e o cuco-comum. E foram calculadas variáveis como perda de habitat ou alterações climáticas, nos locais de reprodução e noutras áreas, bem como as tendências das populações de aves.
Claire Buchan, da Escola de Ciências Biológicas da UEA, afirmou, citada num comunicado da universidade: “Verificámos que a modificação humana da paisagem nas faixas de distribuição das aves na Europa, África e Ásia Ocidental está associada ao declínio do número de mais de 100 aves migratórias afro-euro-asiáticas”.
A responsável salientou que a exposição das aves a ameaças de “mortalidade directa”, como serem electrocutadas, caçadas ou mesmo atingidas por um veículo, nas zonas de invernada, está a reflectir-se na diminuição da população de aves reprodutoras. Segundo os autores do estudo, identificar os locais onde as aves estão mais expostas pode ajudar na tomada de decisões para prevenir os maiores perigos.
Participaram também na investigação a Universidade do Porto e a Universidade de Lisboa, e a Sociedade Checa de Ornitologia (República Checa).