Tempo das crianças em risco “não pode ser o tempo que a lei prevê como máximo”, alerta Rosário Farmhouse

“Não podemos hipotecar” a infância. “Quanto mais adiarmos as soluções para a sua infância, mais estamos a condicionar os adultos em que se vão transformar”, afirma a presidente da Comissão Nacional de Promoção dos Direitos e Protecção das Crianças.

Foto
Cada criança "é única e conta. Cada família importa, cada um de nós pode e deve fazer a diferença", defende Rosário Farmhouse JOÃO RELVAS

O “tempo das crianças é escasso” e, em situações de risco, “não pode ser o tempo que a lei prevê como máximo”, alertou esta sexta-feira a presidente da Comissão Nacional de Promoção dos Direitos e Protecção das Crianças e Jovens (CNPDPCJ).

“Não se esqueçam que o tempo das crianças é escasso. A infância não se repete, passa num instante”, disse Rosário Farmhouse aos participantes no Encontro Nacional de Avaliação da Actividade das Comissões de Protecção de Crianças e Jovens, que terminou esta sexta-feira em Reguengos de Monsaraz, Évora.

A responsável da CNPDPCJ defendeu que “o tempo das crianças não pode ser o tempo que a lei prevê como máximo”, nas situações sinalizadas como sendo de risco. “Por favor, atenção ao tempo e atenção ao tempo das crianças. Não podemos hipotecar a sua infância, porque, quanto mais adiarmos as soluções para a sua infância, mais estamos a condicionar os adultos em que se vão transformar”, disse.

Rosário Farmhouse disse ainda que as CPCJ acompanharam “quase 70 mil crianças”, no ano passado, e que “cada criança conta”: “Cada uma é única e conta. Cada família importa, cada um de nós pode e deve fazer a diferença, mas juntos certamente que vamos conseguir”, afirmou.

Já depois do encerramento do encontro nacional, questionada pelos jornalistas sobre a morte da menina de três anos ocorrida em Setúbal, na segunda-feira, Rosário Farmhouse recusou pronunciar-se sobre casos concretos, remetendo para o comunicado que a Comissão Nacional de Promoção dos Direitos e Protecção das Crianças e Jovens divulgou na passada quinta-feira.

Instada pela agência Lusa a comentar se alguma coisa falha quando crianças sinalizadas como estando em risco acabam por morrer, a presidente da comissão nacional argumentou que “passa muito tempo”.

“Entre a sinalização do perigo e os acontecimentos passa muito tempo e, neste caso, passaram três anos”, afirmou, lembrando que a CPCJ “já nem tinha o processo”, que tinha sido enviado para o Ministério Público.

“A realidade é muito dinâmica, embora haja sempre esta preocupação de todos trabalharem em prol da defesa das crianças”, frisou.

O Encontro Nacional de Avaliação da Actividade das Comissões de Protecção de Crianças e Jovens, teve início na passada quarta-feira e juntou cerca de 400 participantes.