O festival Mupa agita a planície de Beja
Das electrónicas mais exploratórias da inglesa Aya ao cante alentejano do Grupo Coral Papa Borregos do Alvito, o festival Mupa, também conhecido por Música na Planície, acontece até domingo na cidade de Beja.
Todos os festivais de música se dizem singulares. O Mupa, também conhecido por Música na Planície, não é excepção. A seu favor, para afirmar tal narrativa, tem a localização (a cidade de Beja), alguns locais inusitados para acontecimentos culturais (igrejas, capelas, campos de jogos, associações desportivas), mas também um cartaz diverso pautado pela consistência de propostas, num misto de cruzamentos geracionais, géneros musicais e memória colectiva do centro histórico da cidade. O acontecimento teve início na quarta-feira, mas será entre esta sexta-feira e domingo que se concentram algumas das propostas que geram mais expectativas nesta que é a 3.ª edição do evento.
É o caso do concerto dos África Negra, a banda ícone de São Tomé e Príncipe, ou dos Föllakzoit, um trio chileno com influências de rock alemão. Para sonoridades afro-portuguesas haverá de contar com o balanço rap de Cookie Jane ou com Ghoya, de Cabo Verde. Numa vertente mais experimental chegam ao Alentejo nomes como o artista sonoro italiano Riccardo La Foresta; e mais direccionados para a pista de dança, a produtora e DJ Lapili, os espanhóis Jokooo Collective ou De Schuurman, referência holandesa pertencente à família ugandesa Nyege Nyege, da qual também faz parte DJ Diaki.
Do Reino Unido virá o produtor de electrónica experimental Rian Treanor ou Aya, de Manchester, anteriormente conhecida como Loft, que lançou no ano passado o celebrado álbum Im Hole, editado na Hyperdub. Para contrabalançar as linguagens mais exploratórias haverá o sentido de humor de Manuel João Vieira em trio, o fadista Fernando Jorge ou uma sessão de cante alentejano com o Grupo Coral Papa Borregos do Alvito. Para fechar as noites juntam-se DJ Firmeza, da editora Príncipe, ou nomes como Hang The DJ.
A residência artística da edição deste ano ficou nas mãos de Tellurian, um projecto de Carincur com João Pedro Fonseca (Zebra), na companhia do Coro do Carmo de Beja, num diálogo entre correntes contemporâneas ligadas ao digital e formas mais tradicionais. Exposições, exibição de documentários, aulas de dança, workshops ou conversas integram também o programa.