Medo de recessão económica volta a pressionar bolsas e matérias-primas

O principal índice accionista europeu está a desvalorizar perto de 2% e toca em mínimos de mais de um ano, numa altura em que os receios em torno de uma recessão económica voltam a acentuar-se.

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Reuters/LUCAS JACKSON

Depois de dois dias de recuperação no arranque desta semana, os receios em torno de uma possível recessão económica e do impacto de uma inflação elevada voltam a pesar sobre os mercados internacionais. Na sessão desta quarta-feira, tanto as bolsas como as matérias-primas estão a registar fortes perdas, com o principal índice accionista europeu a recuar para mínimos de mais de um ano.

Esta manhã, todas as principais praças europeias estão a negociar em forte baixa, com destaque para o alemão DAX e o francês CAC 40, que recuam ambos mais de 2%. Por cá, o PSI também está a desvalorizar perto de 2%, a ser pressionado, sobretudo, pelo sector energético. O Stoxx 600, índice de referência europeu que reúne as maiores cotadas do continente, segue, assim, a desvalorizar-se 1,7%, tocando nos valores mais baixos desde Janeiro do ano passado.

Este movimento acontece numa altura os receios dos investidores quanto ao rumo da economia mundial voltam a acentuar-se, depois de terem sido divulgados novos dados. Ainda esta manhã, o instituto de estatística do Reino Unido divulgou que a taxa de inflação no país foi de 9,1% em Maio, o valor mais elevado desde Junho de 1982.

Perante esta nova aceleração da inflação, motivada pelo aumento dos preços da energia e dos bens alimentares, o principal índice accionista britânico está a recuar mais de 1% e a libra está a desvalorizar-se em torno de 0,6% face ao dólar, os investidores esperam agora pela actuação do banco central para impedir um agravamento do cenário.

“A pressão está do lado do Banco de Inglaterra para aplicar compressas frias na forma de sucessivos aumentos de taxas de juro nos próximos meses, reduzindo a procura e fazendo baixar os preços”, comenta uma analista citada pela Reuters. “A libra está a desvalorizar-se face ao dólar e isso faz aumentar as preocupações de que a inflação poderá aumentar ainda mais, com as importações a tornarem-se mais caras”, acrescenta.

Petróleo cai 4%

A contribuir para a queda dos mercados accionistas está, também, a desvalorização acentuada dos preços das matérias-primas a que se assiste esta manhã, um movimento que pressiona as cotadas ligadas a estes materiais.

As quedas mais acentuadas são registadas no petróleo. Por esta altura, o barril de Brent, negociado em Londres e que serve de referência para o mercado europeu, está a recuar perto de 4% e voltou à casa dos 110 dólares por barril, depois de, na semana passada, ter ultrapassado os 120 dólares. Já o West Texas Intermediate (WTI), negociado em Nova Iorque, perde mais de 4% e está a cotar na casa dos 104 dólares por barril.

A tendência é idêntica noutras matérias-primas. É o caso dos metais, como o cobre, que perde mais de 3%, ou do ouro, que cai perto de 1%.

A motivar este movimento estão, à semelhança do que acontece nas bolsas, os receios de uma recessão económica a nível mundial, o que, a confirmar-se, levaria a uma retracção da procura por estas matérias-primas. Ao mesmo tempo, os investidores aguardam pelas declarações do presidente da Reserva Federal norte-americana, Jerome Powell, que será ouvido pelo Senado e pelo Congresso dos Estados Unidos entre quarta-feira e quinta-feira.

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