Fed confiante que combate à inflação não irá provocar uma recessão

Jerome Powell, presidente da autoridade monetária dos EUA, diz que o foco da instituição está no combate à inflação, mas acredita que tal não implica lançar a economia para uma recessão

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Jerome Powell, presidente da Reserva Federal norte-americana EPA/SHAWN THEW

Não será preciso provocar uma recessão na economia norte-americana para que o combate à escalada da inflação desencadeado este ano pela Reserva Federal (Fed) surta efeito, defendeu esta quarta-feira o presidente da instituição.

Numa audição no Congresso em que ouviu, tanto de Republicanos como de Democratas, críticas à forma com a Fed tem vindo a conduzir a política monetária, Jerome Powell esforçou-se para conter os receios, muito evidentes nos mercados, de que a economia dos Estados Unidos possa vir nos próximos meses a cair numa recessão em resultado da subida rápida das taxas de juro a que se tem vindo a assistir.

“Não estamos a tentar provocar, e penso que não iremos precisar de provocar, uma recessão”, afirmou o presidente da autoridade monetária dos EUA, que há exactamente uma semana subiu a sua taxa de juro de referência em 0,75 pontos percentuais, o movimento mais brusco desde 1994. A expectativa nos mercados é, neste momento, a de que na reunião de Julho seja decidida uma nova subida de 0,75 pontos, e que no final do ano as taxas de juro da Fed se situem já perto dos 3,5%.

Uma subida de taxas de juro tão súbita tem como objectivo travar a escalada a que se tem assistido, desde meados do ano passado, na taxa de inflação. Vários membros do Congresso acusaram os responsáveis da Fed de terem começado a agir tarde demais, tendo Powell assumido que “a inflação obviamente surpreendeu em alta durante o último ano”, alertando ainda que “novas surpresas podem vir a caminho”.

Mas, ainda assim, defendeu que o “foco” que a Fed terá de colocar agora no combate à inflação, e que já levou a que as condições financeiras “se tenham apertado significativamente”, não significa que se venha a assistir a uma contracção da economia. “A economia norte-americana está muito forte e bem posicionada para lidar com uma política monetária mais apertada”, disse.

Na audição no Congresso, Jerome Powell deu poucas novas pistas em relação ao que irá ser feito pela Fed nas próximas reuniões. Ainda assim, ao afirmar que as condições financeiras se apertaram significativamente e ao garantir que o ritmo de subida de taxas dependerá dos sinais que possam surgir de moderação nas pressões inflacionistas, aumentou ligeiramente as esperanças de que, em Julho, em vez de uma nova subida de 0,75 pontos nas taxas de juro, a Fed se fique pelos 0,5 pontos.

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