Primeira-ministra francesa pediu demissão, mas Macron não aceitou

Presidente francês iniciou uma ronda de contactos com os líderes dos vários partidos depois de ter perdido a maioria absoluta na Assembleia Nacional.

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Élisabeth Borne foi nomeada para o cargo no fim de Maio REUTERS/Gonzalo Fuentes

A primeira-ministra francesa, Élisabeth Borne, apresentou esta terça-feira a demissão do cargo, mas Emmanuel Macron rejeitou o pedido “para que o Governo se possa manter em funções e agir nestes dias”, anunciou o Palácio do Eliseu.

O pedido de demissão do chefe de Governo depois da segunda volta das legislativas é uma tradição política francesa que remonta aos tempos da 3.ª República. Designa-se “demissão de cortesia” porque habitualmente o Presidente a recusa.

Os resultados das eleições do domingo passado, porém, tornam incerta a continuidade de Borne como primeira-ministra. A coligação Juntos, que apoia Macron, obteve a maioria dos lugares na Assembleia Nacional, mas está dependente de acordos para executar o seu programa. Os apelos à demissão de Élisabeth Borne têm-se sucedido tanto à esquerda como à direita e é provável que o executivo enfrente uma moção de censura dentro de duas semanas.

A manutenção de Borne no cargo significa que também as três governantes que perderam a sua eleição parlamentar se mantêm, por agora, nos respectivos postos. É que outra regra não-escrita da política francesa obriga ministros e secretários de Estado a demitir-se caso falhem as eleições a que se propõem. Depois de reconduzida, a primeira-ministra convocou um Conselho de Ministros para o início da tarde.

De manhã, Macron deu início a uma maratona de reuniões com os líderes partidários com o objectivo de perceber qual a sua abertura para a formação de uma maioria parlamentar. O primeiro a ser recebido foi o presidente de Os Republicanos, Christian Jacob, que tem insistido na indisponibilidade do seu partido para dar a mão à coligação presidencial. “Voltei a dizer ao Presidente que não se coloca a questão de entrar em algo que poderia ser uma traição aos nossos eleitores. Fizemos uma campanha de oposição, vamos manter-nos na oposição de forma determinada, mas responsável”, declarou Jacob à saída do Eliseu.

O chefe de Estado esteve já também reunido com Olivier Faure, secretário-geral do Partido Socialista, que integrou a Nova União Popular Ecológica e Social (NUPES), liderada por Jean-Luc Mélenchon. À tarde, depois de um encontro com o secretário-geral da NATO, Macron vai receber os líderes do Renascimento (ex-República em Marcha) e do MoDem, que são seus aliados, bem como Marine Le Pen, da União Nacional, e Fabien Roussel, líder do Partido Comunista, que também integrou a NUPES.

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