Parlamento israelita prepara-se para votar a sua dissolução
Votação no Parlamento esta quarta-feira marca o início de um processo que deverá levar a eleições em Outubro.
O Governo que foi formado para fazer sair do poder o então primeiro-ministro, Benjamin Netanyahu, conseguiu cumprir a sua missão e mostrar que havia vida para lá da figura incontornável da política israelita – mesmo que tenha desistido de continuar e anunciado, segunda-feira, que iria propor ao Parlamento a sua dissolução, abrindo caminho a eleições antecipadas, num processo que deverá ter início numa a votação esta quarta-feira.
No entanto, o Governo, que durou pouco mais de um ano, não conseguiu assegurar que não haveria um regresso de Netanyahu enquanto este responde em tribunal por corrupção. E Netanyahu continua a ser o líder da oposição e a ter uma hipótese de formar governo depois de prováveis eleições antecipadas.
Um dia depois do anúncio do primeiro-ministro, Naftali Bennett, e do ministro dos Negócios Estrangeiros, Yair Lapid, de que iriam começar o processo de dissolução do Parlamento, os media israelitas tinham já sondagens, que continuavam a mostrar que o Likud, de Netanyahu, era o preferido, mas com cerca de 30 deputados em 120, e que nenhum dos campos (agora divididos entre pró e anti-Netanyahu) teria uma maioria. Ou seja: as quintas eleições em três anos podem não resultar num avanço que quebre o impasse político.
Muito pode ainda mudar até à votação, que deverá realizar-se apenas em Outubro: desde o que poderá beneficiar Lapid do seu tempo como chefe de Governo interino até ao que poderá acontecer a partidos mais pequenos que estão no limite de entrar no parlamento, podendo alterar as contas das maiorias.
Para já, muitos vêem uma vantagem do lado do campo de Netanyahu – foi a oposição que conseguiu derrubar o Governo, levando-o a cair para assegurar a aprovação automática de uma lei que estende a aplicação da lei israelita aos colonatos em território ocupado.
Por outro lado, há quem lembre que Lapid será primeiro-ministro até que haja uma coligação com maioria no Parlamento, o que, como já provou Netanyahu, pode ser um modo de ficar meses e meses no cargo à falta de acordo.
Havia ainda quem, no campo da oposição, esperasse que fosse possível evitar ir a eleições, e que Netanyahu conseguisse apoio suficiente para ver uma coligação aprovada pelo Parlamento, o que parecia difícil depois do dissidente do Likud Gideon Saar declarar que não apoiaria o ex-primeiro-ministro.
Do campo anti-Netanyahu, o seu antigo aliado Avidgor LIeberman esperava que pudesse ser aprovada uma lei que impedisse quem enfrente processos criminais de ocupar a chefia do governo, mas fontes do Parlamento israelita diziam que num espaço de tempo tão curso isso seria muito difícil.
De qualquer modo, contra ou a favor, a política israelita voltava a focar-se como já há não muito tempo numa figura: em Benjamin Netanyahu.