O 11.º Walk & Talk quer pensar os “espaços que habitamos — físicos ou metafóricos”

A organização saúda o regresso ao normal — à luz do seu formato e da pandemia — de um importante festival que reúne linguagens artísticas frescas.

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Edição de 2014 do festival Paulo Pimenta

O Festival Walk & Talk regressa este ano ao seu “formato normal”, como disse Jesse James, da organização, na manhã desta terça-feira na apresentação da 11.ª edição do evento de artes açoriano, citado pela Agência Lusa. Quarenta e seis artistas de todo o mundo, entre os quais Nástio Mosquito, Matthew C. Wilson em estreia em Portugal, Soundpreta, Lechuga Zafiro ou Miguel Flor reúnem-se entre 14 e 23 de Julho sob o tema In the first place (Em primeiro lugar) como forma de questionamento.

Multidisciplinar, o festival vai voltar à sua sede habitual, o Largo de São João em Ponta Delgada, habitando um pavilhão temporário desenhado pelo Ilhéu Atelier, um jovem atelier de arquitectura que oscila entre Lisboa e a capital da ilha de São Miguel. Esse pavilhão, o W&T, albergará performances como The Fever Hand de Vivian Caccuri, que inaugura o festival, ou Water no get enemy, de Linda Lamignan, informa a organização em comunicado. Será também ali que o programa musical estará em palco, com concertos e DJ sets de Dj Lycox, Dj Marcelle, Dj Milhafre, EXPAT, Fallon Mayanja, Jessica Khazrik, a solista Laura Ortman, o produtor e DJ uruguaio Lechuga Zafiro, o produtor angolano Nazar, PMDS, Sonja, Soundpreta, Tape e WaqWaq Kingdom.

“O programa pretende pensar a palavra, a fala, o som e a música como formas de viajar no tempo, propondo novas perspectivas e leituras sobre os espaços que habitamos — sejam eles físicos ou metafóricos, e as relações que estabelecemos entre geografias, recursos, diferentes espécies e ideias”, resume a organização em comunicado.

Uma ilha sonora

Como é também habitual, o Walk & Talk vai ter uma forte presença noutros espaços que não o largo junto ao Teatro Micaelense, espalhando-se por Ponta Delgada e outros pontos da ilha. O programa abraça “projectos inéditos”, diz a organização, que cruzam as artes visuais, a performance, a música, a arquitectura e o design — uma das novidades, e que a associação Anda&Fala, que promove o festival com apoio do Governo dos Açores, Direcção-Geral das Artes, Município de Ponta Delgada e outros parceiros, é o W&T Soundsystem.

Trata-se de um sistema de som móvel que vai circular pela ilha e tanto pode ter concertos, DJ sets ou simples convites à escuta na forma de cabines de audição para conhecer peças sonoras encomendadas especificamente a artistas para esta iniciativa, que pertence aos artistas e engenheiros Sérgio Coutinho e Francisco Antão. Num desses momentos, servirá para uma conferência-performance do pensador e musicólogo Edward George. Também voltará, pelo segundo ano consecutivo, o programa de excursões (quatro) por São Miguel e pela rota feita pelos trabalhos do festival.

Um espaço para alguns dos artistas convidados agirem será A vaga — espaço de arte e conhecimento, que é também sede da associação Anda&Fala. Lá estará a exposição colectiva In the first place (Caroline Monnet, Larry Achiampong, Linda Lamignan e Uyarakq e a performance Sensing Satellite — Condensed — de Fallon Mayanja). Já no Centro Municipal de Cultura, viverão as exposições individuais de Catarina Gonçalves, Cristóvão Maçarico e Tiago Patatas; o Teatro Micaelense será habitado pela performance Cabraqimera e a exposição Poromechanics, de Catarina Miranda; o Arquipélago — Centro de Artes Contemporâneas, abrirá alas para a instalação imersiva de Estela Oliva (CLON) & Ana Quiroga (música e designer de som espanhola que trabalha em artes, filmes e meios interactivos).

A organização elenca ainda como a Galeria Fonseca Macedo recebe a exposição de Maria Ana Vasco Costa e o Auditório Luís de Camões a performance Visions, de Nástio Mosquito. “O projecto de Diogo da Cruz ganha forma nas Portas do Mar (Piscinas do Pesqueiro), e o Cagarro Assembly da artista Ellie Ga inclui uma apresentação no Estúdio 13 e listening sessions ao longo do festival, no trilho da Rocha da Relva”, lê-se ainda no comunicado, que frisa que “o artista Matthew C. Wilson apresenta pela primeira vez o seu trabalho em Portugal”.

A curadora e investigadora italiana Irene Campolmi divide com Jesse James, Joana Cardoso, Luís Blum e Sofia Carolina Botelho a coordenação curatorial desta 11.ª edição, em que haverá ainda a 9.ª edição da RARA - Residência de Artesanato da Região dos Açores, coordenada pelo designer e fotógrafo Miguel Flor e onde os designers Octavio Barrera e a dupla Macheia vão trabalhar com artesãos locais.

No último fim-de-semana do festival, o projecto Centriphery, do qual faz parte o Walk&Talk e que reúne numa organização colaborativa nove organizações da chamada periferia europeia, “terá a sua etapa açoriana” com a apresentação do projecto A Walk on the Edge, desenvolvido pelos performers Gustavo Ciríaco e Tellervo Kalleinen, os arquitectos da Mezzo Atelier e o director de teatro, actor e músico romeno Ovidiu Mihaita.

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