Guerra na Ucrânia pode durar anos, avisa Stoltenberg
Secretário-geral da NATO diz que o Ocidente não pode enfraquecer o apoio à Ucrânia e exorta os países da Aliança a continuarem a entregar armas a Kiev.
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A guerra na Ucrânia “pode durar anos”, avisou o secretário-geral da NATO numa altura em que a Rússia intensifica os seus ataques. Também o primeiro-ministro britânico, Boris Johnson, alertou este domingo para a possibilidade de uma extensão inesperada do conflito e para o apoio que a Ucrânia vai precisar para “permanecer num estado viável” de sobrevivência.
Numa entrevista ao jornal alemão Bild am Sonntag publicada este domingo, Jens Stoltenberg considera que o Ocidente "não deve enfraquecer o apoio à Ucrânia, mesmo que os custos sejam elevados, não só em termos de apoio militar, mas também devido ao aumento dos preços da energia e dos alimentos”.
"Estes custos não são nada em comparação com o que os ucranianos pagam todos os dias na linha da frente”, acrescentou o líder da NATO.
Stoltenberg deixou também um aviso: caso o Presidente russo, Vladimir Putin, atinja os seus objectivos na Ucrânia, como fez com a anexação da Crimeia em 2014, “teríamos de pagar um preço ainda maior”.
Neste contexto, exortou os países da Aliança a continuarem a entregar armas a Kiev. Stoltenberg disse que o fornecimento de armas de última geração às tropas ucranianas aumentaria a hipótese de libertar a região oriental do Donbass do controlo russo, disse ao jornal alemão.
“Os ucranianos estão a defender-se com bravura contra os invasores russos, embora os combatentes em Donbass estejam a ser travados pela crescente brutalidade da Rússia. Com armas mais modernas, a probabilidade de que a Ucrânia consiga expulsar Vladimir Putin para fora de Donbass, é maior”, acrescentou.
“Temos de nos preparar para o facto de isto poder levar anos. Não podemos desistir de apoiar a Ucrânia”, afirmou Stoltenberg.
O seretário-geral da NATO garantiu que a Aliança Atlântica continuará a apoiar a Ucrânia na sua autodefesa, mas afastou uma possível interferência directa no conflito. “Estamos a ajudar o país, mas não enviaremos soldados da NATO para a Ucrânia. Garantimos o território da aliança por terra, mar e ar. Esta é uma mensagem clara para Moscovo para que não existam mal-entendidos sobre a nossa intenção.”
Já Boris Johnson, que efectuou na sexta-feira a sua segunda visita a Kiev desde o início da invasão ordenada pelo Kremlin, afirmou: “Devemo-nos encher de coragem para uma guerra longa”.
O primeiro-ministro britânico destacou que o Reino Unido e os aliados devem assegurar que a Ucrânia “tenha a resiliência estratégica para sobreviver”, uma vez que o Presidente russo, Vladimir Putin, “recorre a uma campanha de desgaste e tenta esmagar brutalmente a Ucrânia”.
"O tempo é um factor vital”, sublinhou Johnson. “Tudo vai depender da possibilidade de a Ucrânia poder fortalecer a capacidade de defender o seu território mais rapidamente do que a Rússia consegue renovar a sua capacidade de ataque”, acrescentou.
Para isso, a Ucrânia deve “receber armas, equipamentos, munições e treinos mais rapidamente do que o invasor”, explicou o primeiro-ministro, que anunciou na sexta-feira um programa de treino com capacidade para até 10 mil soldados ucranianos a cada 120 dias. Realçou ainda a necessidade de continuar a enviar fundos para que seja possível a Kiev manter a administração do Estado a funcionar e começar a reconstrução “assim que possível”.
Johnson destacou que é preciso encontrar formas de escoar, através dos portos ucranianos, as 25 milhões de toneladas de cereais que se acumulam nos silos ucranianos sem poder sair do país.