Chef do lisboeta BouBou’s vence Top Chef em França
Louise Bourrat é a terceira mulher a vencer o concurso televisivo. Filha de mãe portuguesa e pai francês, lidera o restaurante BouBou’s, no Príncipe Real, em Lisboa.
Aos 27 anos, Louise Bourrat é a terceira mulher a vencer a edição francesa do Top Chef, ao conquistar 56,910% dos votos (e um cheque de valor equivalente em euros) na final do concurso televisivo, transmitido na quarta-feira passada pelo canal M6.
“É com o maior orgulho e alegria que temos o prazer de partilhar a notícia: Louise Bourrat ganhou o Top Chef França 2022”, reagia o restaurante que a franco-portuguesa lidera em Lisboa, nas redes sociais. “Uma enorme recompensa após muitos anos de trabalho duro desde tão jovem.”
Filha de mãe portuguesa e pai francês, Louise nasceu em Lyon e cedo começou a carreira na gastronomia. Com formação na francesa L’École Hôtelière Savoie Léman, acabou por trocar a escola, demasiado formal e protocolar, pelas cozinhas de grandes chefs como Alain Ducasse, na Hostellerie de l’Abbaye de la Celle, na Riviera Francesa, aos 17 anos, contava há um ano à Fugas.
O irmão Alexis, e a mulher, Agnes Bourrat, abriram o restaurante Boubou’s no Príncipe Real em 2018, actualmente liderado por Louise, numa equipa de cozinha inteiramente formada por mulheres.
A cozinha irreverente, inspirada pelas muitas viagens que fez (incluindo dois anos pela América do Sul), já se fazia notar no restaurante lisboeta e, conta o Ouest France, terá conquistado os quatro elementos do júri da competição e os 80 voluntários da Cruz Vermelha que avaliaram a prova final, que opôs Louise ao concorrente Arnaud Delvenne.
“Tens um compromisso com o correr riscos, um universo real. Trouxeste-me muito, aprendi muito contigo. Tens uma ousadia que, às vezes, sinto falta”, reagia a chef Hélène Darroze, mentora de Louise no concurso, ao anunciar a vitória.
“Para mim, esta vitória é, acima de tudo, simbólica. Sim, tu consegues e, sim, tens de acreditar nos teus sonhos. Espero que inspire mais e mais”, afirmava Louise após a vitória, em declarações à edição francesa do Huffington Post. “Estava um bocadinho na minha zona de conforto, na minha forma de cozinhar. Já não tinha muita inspiração. O Top Chef impulsionou mesmo a minha criatividade. Depois, deu-me autoconfiança.”
Com o prémio recebido, contava ao Huffington Post, “o coração” dizia-lhe para “assentar no interior de Portugal”. “Talvez tente comprar um pedacinho de terra para construir a minha casa, fazer a minha horta, ter as minhas plantas, os meus gatos, cães e galinhas.”
Confessa que “estaria a mentir” se dissesse que conquistar uma estrela Michelin não era agora um objectivo, ainda que “não esteja necessariamente à procura disso”. E justifica: “O mais importante para mim é que os clientes que vêm comer no meu restaurante saiam felizes. Por outro lado, gostava de obter uma estrela pelo simbolismo. Não há nenhuma mulher estrelada em Portugal e faz muita falta.”