Maré vermelha nas bolsas mundiais após subida de juros em mais países

Londres e Zurique decidiram subir taxas, tal como Washington e Frankfurt. Praças europeias em terreno negativo, incluindo Lisboa. Nos EUA, as tecnológicas são as que mais recuam.

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Bolsa de Frankfurt, nesta quinta-feira de manhã, depois da subida dos juros em Inglaterra e na Suíça Reuters/STAFF

Maré vermelha nas bolsas mundiais: Europa, Estados Unidos e praticamente toda a Ásia viveram nesta quinta-feira uma travagem generalizada por causa dos receios dos investidores que temem que o aumento das taxas de juro por parte das autoridades monetárias acabe por resultar numa recessão. No mesmo dia em que o Reino Unido e a Suíça se juntaram a este movimento de subida das taxas, as bolsas europeias (incluindo Lisboa) perderam à volta de 3%, quando nos EUA, os principais índices de Wall Street respondiam ao maior salto das taxas de juro desde 1994 com uma desvalorização que estava a ser liderada por algumas das grandes tecnológicas mundiais.

Em Lisboa, o índice PSI caiu 2,06%, com 12 das 15 cotadas pertencentes ao índice a registarem descidas na sua valorização de mercado. Não foi, porém, a pior queda na Europa, onde nenhuma praça se distinguiu pela positiva: Frankfurt fechou a cair 3,31%, Milão recuou 3,32%, Londres desvalorizou 3,14%, Paris perdeu 2,39% e Madrid teve a quebra menor, recuando 1,18%.

O índice pan-europeu Stoxx 600, que inclui 600 empresas de grande, média e pequena dimensão de 17 países, recuou 2,31%. Foi a sétima quebra nos últimos oito dias.

O movimento de subida das taxas prosseguiu hoje com os bancos centrais da Suíça e do Reino Unido. Em Londres, o Banco de Inglaterra subiu a taxa pela quinta vez desde Dezembro. Desta vez, é um aumento de 0,25 pontos percentuais, para 1,25%, com o banco a alertar para a hipótese de ser necessário “intervir com mais força” num futuro breve, já que a perspectiva é que a inflação possa chegar aos 11% em Outubro.

Em Zurique, o Banco Nacional da Suíça surpreendeu tudo e todos com o primeiro aumento da taxa de juro em 15 anos. A instituição optou por uma subida de 0,50 pontos percentuais, que mantém a taxa de juro em terreno negativo (-0,25%), mas tira-a dos valores mínimos, contra aquilo que era a previsão geral.

No mercado monetário, a libra perdeu 0,3% face ao dólar e 0,2% face ao euro. Já o franco suíço valorizou 1,66% face ao euro, aproximando-se da paridade.

Estas decisões surgem um dia depois de a Reserva Federal dos EUA ter anunciado que subirá a taxa de juro em 0,75 pontos percentuais (ou 75 pontos base), naquele que é o maior aumento desde 1994. O Banco Central Europeu já tinha prometido há uma semana um aumento em 25 pontos base em Julho.

As expectativas de uma recessão mundial induzida para “arrefecer” as economias deixam um lastro negativo nos mercados bolsistas: Tóquio foi a única praça asiática (e mundial) a escapar a uma quebra geral em torno dos 3%.

Com a inflação nos níveis mais altos das últimas décadas, estas mexidas enérgicas nos juros têm assustado os mercados. Apenas o índice Nikkei fechou em terreno positivo (+0,4%). Pelo contrário, na China tanto a praça de Hong Kong como a de Xangai apresentaram variações negativas.

Nos EUA, por volta das 19h em Portugal continental (menos cinco horas na costa leste dos EUA), o S&P 500 perdia 3,29%, aproximando-se do seu valor mais baixo desde Dezembro de 2020. Desde o início do ano, este índice das 500 empresas mais relevantes cotadas em Wall Street já desceu cerca de 23%, estando prestes a registar o seu pior trimestre desde 2008, quando o mundo foi abalado pela crise financeira global.

O índice industrial Dow Jones, por seu lado, recuava 2,62% e o índice das tecnológicas Nasdaq liderava destacadamente as perdas do dia, recuando 4,45%.

Empresas como a Apple, a Microsoft e a Tesla eram algumas das que estavam a registar os recuos bolsistas mais significativos, o que mostrava que os investidores estarão a preparar-se para uma desaceleração económica desfazendo-se de acções de empresas cujas vendas poderão ressentir-se num cenário de arrefecimento do comércio mundial.

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