É em Inglaterra que está o dinheiro neste mercado de transferências
Os clubes da Premier League não estão a olhar a gastos e assumem um papel central em mais de metade das principais transferências deste Verão. Portugal tem sido um dos principais beneficiados desse poder financeiro.
“Follow the Money [siga o dinheiro]” é um conselho celebrizado no cinema para polícias ou jornalistas, mas, no futebol, pelo menos neste Verão, também tem aplicação cabal.
Mais de metade do dinheiro investido nas dez maiores transferências deste mercado saíram da conta de clubes ingleses, uma conclusão que já comporta a notícia do “casamento” de Fábio Vieira com o Arsenal, com o clube londrino a pagar 35 milhões de euros ao FC Porto.
Já com estes valores incluídos, estamos a falar, grosso modo, de 446 milhões de euros transaccionados nos dez maiores negócios, sendo que 234, mais de metade, foram investidos por clubes ingleses. São cinco das dez principais mexidas.
Se alargarmos a amostra às 20 principais transferências, a tendência não se esfuma: cerca de 300 dos 600 milhões investidos e nove dos 20 maiores negócios.
Tudo isto ganhará contornos ainda mais claros caso João Palhinha seja confirmado no Fulham pelos 18 milhões de euros estimados pela imprensa estrangeira – algo que estará por horas. E não acaba aqui: apesar de em rumores menos consistentes, Vitinha deverá estar também a caminho de Inglaterra, faltando apenas que o clube em causa chegue aos 40 milhões de euros que o FC Porto exige – uma cláusula “simpática” para boa parte dos emblemas da Premier League.
Liverpool, Manchester City e Arsenal, com Darwin Núñez, Erling Haaland e Fábio Vieira, justificam grande parte desta maquia, mas não é só nestes gigantes que há dinheiro.
O Leeds United já investiu cerca de 33 milhões de euros em Brenden Aaronson, comprado ao Salzburgo, enquanto o Aston Villa pagou ao Sevilha 31 milhões por Diego Carlos, central que já passou pela Liga portuguesa – e estamos a falar de um jogador com quase 30 anos.
Daqui conclui-se que é em Inglaterra que está o dinheiro e que não há um padrão: esse dinheiro serve para contratar uma estrela mundial como Haaland, um talento em ascensão como Darwin, um jogador pouco conhecido como Aaronson ou um quase trintão como Diego Carlos.
Acima disto, fica clara uma tendência: é que clubes de valor médio têm uma frescura financeira dificilmente igualável em formações de valor semelhante em qualquer outro campeonato.
Flamengo suplica por Cebolinha
Ainda das últimas horas de mercado fala-se de um negócio entre a Europa e a América do Sul.
Everton, para os portugueses, Cebolinha, para os brasileiros. A diferença de tratamento ao ainda extremo do Benfica tem razão de ser: os brasileiros não enjeitam alcunhas que fiquem no ouvido, mas, sobretudo, porque mostraram ser dois jogadores diferentes na mesma pessoa. E é pelo segundo que suplica o Flamengo.
Marcos Braz, dirigente do clube carioca, já confirmou que a contratação do internacional brasileiro está prestes a ser consumada e a imprensa estima valores a rondar os 16 milhões de euros – quatro abaixo dos 20 que o Benfica pagou ao Grêmio há duas temporadas. Mas mais do que pequenos acertos financeiros o Flamengo quererá saber que jogador contrata: Everton ou Cebolinha.
Everton foi o jogador que não conseguiu afirmar-se no Benfica, mostrando até a perda de alguma da imprevisibilidade que o trouxe até à Europa. Cebolinha foi o extremo que encantou no Brasileirão, com golos, fintas e assistências, e que chegou mesmo a internacional brasileiro.
Em tese, todos ganham: o Benfica recupera grande parte do que investiu num jogador que não deslumbrou, Everton volta ao país onde melhor jogou, Tite pode voltar a ser seduzido pelo jogador com Mundial aí à porta e o Flamengo ganha alguém que, por terras brasileiras, mostrou ser craque capaz de mudar o curso de um campeonato. Neste caso, nem foi preciso o dinheiro inglês para um negócio desta magnitude.