Zero: Portugal ainda não definiu metas de redução de embalagens descartáveis
Associação ambientalista avisa que Portugal ainda não se comprometeu com metas como reduzir 50% embalagens de produtos de higiene, para refeições e para bebidas até 2030. Segundo uma lei de 2020, em 2030 30% das embalagens usadas em Portugal terão de ser reutilizáveis.
A associação ambientalista Zero defende que Portugal deve definir objectivos de redução de embalagens descartáveis no mercado, até por sector e por unidade, um “passo importante” para dar um sinal ao mercado e à sociedade sobre o futuro no sector da embalagem. A proposta faz parte de um conjunto de sugestões da Zero, divulgadas esta quinta-feira, quando se assinala o Dia Mundial do Reenchimento/Reutilização (World Refill Day), uma campanha global para prevenir a poluição por plástico e ajudar as pessoas a viver com menos plástico.
Além de se estabelecer limites à quantidade de embalagens descartáveis (por exemplo reduzir em 50% embalagens de produtos de higiene, para refeições e para bebidas até 2030), nada que Portugal tenha previsto para já, era importante introduzir metas de reutilização genéricas e/ou específicas por sector, diz a Zero em comunicado.
Para reduzir as embalagens a associação sugere também incentivos económicos, trabalhando-se com os produtores, para que uma parte do valor pago pelas marcas quando colocam uma embalagem no mercado seja canalizada para financiar a infra-estrutura necessária para os sistemas reutilizáveis.
“A introdução de taxas sobre as embalagens descartáveis pode ser também uma fonte de verbas para investir e incentivar os sistemas de reutilização”, acrescenta.
Além de se continuar a apoiar os sistemas de depósito com retorno, propõe ainda a Zero, devem ser fomentadas soluções reutilizáveis, algo em que Portugal começou a investir, já que a partir de Janeiro do próximo ano na hotelaria e restauração e na alimentação será obrigatório disponibilizar ao consumidor embalagens de bebida reutilizáveis.
“A reutilização é uma solução mais sustentável, mas, para atingir o seu potencial, implica planeamento conjunto e uma intervenção ao nível da infra-estrutura do sistema (locais de recolha das embalagens, logística de retorno, instalações de lavagem, redistribuição, sistemas de seguimento das embalagens, incentivos ao retorno)”, propõe a Zero no comunicado, explicando que as propostas partiram das conclusões de um estudo recente da Zero Waste Europe, uma rede europeia que trabalha para a eliminação de resíduos.
A Zero lembra que Portugal estabeleceu que entre 2012 e 2020 iria reduzir a produção de resíduos urbanos em 10%, que daria uma produção de cerca de 410 quilos de resíduos por pessoa em 2020. Em 2019 cada pessoa produzia 513, o que dá 103 quilos mais do que o previsto.
A proposta de plano estratégico de resíduos urbanos para 2030 propõe uma meta de redução de 15% da produção de resíduos até 2030, lembra a associação, deixando um alerta: “Se não queremos chegar a 2030 com o mesmo cenário de 2020, é urgente agir para reduzir o uso de embalagens descartáveis”.
É que, diz, sendo importante a aposta na reciclagem a mesma é “claramente insuficiente” para resolver o problema, pelo que é fundamental “começar a trabalhar na prevenção” da produção de resíduos.
Segundo uma lei de 2020, em 2030 30% das embalagens usadas em Portugal terão de ser reutilizáveis. A partir de Janeiro do próximo ano os restaurantes terão de disponibilizar as bebidas em embalagens reutilizáveis, para consumo no local, sempre que existam no mercado, e os retalhistas terão de disponibilizar as bebidas que comercializam também em embalagem reutilizável, sempre que exista oferta no mercado.
Uma lei de 2021 estabelece que a partir de Janeiro de 2024 os estabelecimentos que vendam refeições prontas a consumir (take away), terão de ter para os clientes opções reutilizáveis.