Paddy Cosgrave apela ao Governo português para que jovens possam ter salários competitivos
O Presidente da Websummit afirmou que os jovens portugueses não têm “grande disponibilidade financeira” e vivem uma vida “mais dura”. Para Cosgrave, Lisboa está a tornar-se a “querida” da tecnologia da Europa.
O presidente executivo da Web Summit, Paddy Cosgrave, apelou ao Governo português para ajudar os jovens a terem salários competitivos na área tecnológica.
“Quando tens milhares de pessoas a mudar-se para Lisboa a auferirem salários base de Nova Iorque ou de São Francisco (Estados Unidos) na indústria tecnológica, torna-se mais dispendioso para as pessoas que residem em Lisboa localmente”, afirmou o co-fundador da Web Summit, numa entrevista à Lusa, em Toronto, no Canadá.
Paddy Cosgrave sublinhou que este “não é um problema único em Lisboa”, mas semelhante ao que se passa em outras cidades, inclusive em Dublin (Irlanda), de onde é natural o responsável, considerada por muitos como a “cidade mais dispendiosa da Europa”.
O co-fundador da Web Summit também recordou que muitos habitantes de Lisboa, através das redes sociais, expressaram preocupação com a realização do evento. “Tenho visto na internet muitas pessoas em Lisboa preocupadas que a Web Summit tenha atraído tantos jovens para a cidade. É preciso perceber que essas pessoas, na faixa etária dos 20 anos, não têm aquela disponibilidade financeira. A vida é-lhes mais dura e as pessoas com quem estão a competir, por exemplo, trabalham para a Google”, sublinhou.
Apesar de no início da pandemia vários rumores apontarem que a Web Summit estava de partida para a China, o promotor da conferência alertou o público em geral para “não acreditar em tudo que se lê nas redes sociais”.
“Lisboa realmente tornou-se a casa da Web Summit. Recordo-me quando viemos para Lisboa (2016), houve várias críticas desde as redes sociais e jornalistas na altura, que me perguntavam o porquê de Lisboa, como se fosse uma decisão errada que tínhamos tomado, perante cidades como Londres ou Berlim”, lembrou.
No entanto, os organizadores provaram o contrário, nos últimos cinco anos. Lisboa era desconhecida para muitas pessoas em 2016, mas tornou-se na “querida” da tecnologia na Europa. “Muitas pessoas querem visitar a cidade, viver lá, o que cria muitas oportunidades e vários desafios” disse. O responsável também mencionou que tem pela frente “bons desafios e um problema a ser resolvida rapidamente”.
“O único problema que Lisboa tem é o de ser muito popular pelas pessoas do sector tecnológico. É uma boa coisa, há 500 anos era a cidade mais importante na Europa, está-se a tornar rapidamente na cidade mais importante do mundo”, vincou.
O responsável pela conferência tecnológica espera que a autarquia lisboeta e o Governo português possam tomar a iniciativa de ajudar os mais novos nos altos custos de vida.
A Web Summit está confirmada em Lisboa pelo menos até 2028, mas Cosgrave tem esperança que a conferência possa permanecer em Portugal por “muitos e longos anos”, estando essa decisão nas mãos do presidente do município nessa altura e também do governo português.