Alemanha diz que diminuição de fornecimento de gás russo tem motivação “política”

Rússia anunciou corte de cerca de 60% no fluxo de gás para reparação do gasoduto Nord Stream 1, uma decisão que, diz o ministro alemão Robert Habeck, não tem justificação técnica.

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O Nord Stream 1 é o gasoduto mais importante para o gás russo chegar à União Europeia HANNIBAL HANSCHKE/Reuters

A decisão da Rússia cortar o fluxo de gás que chega à Alemanha através do Nord Stream 1, anunciada na terça-feira, é “obviamente uma estratégia para desestabilizar e aumentar os preços” do gás, disse esta quarta-feira o ministro da Economia, Robert Habeck.

A decisão russa não tem razões técnicas, já que o calendário para esta manutenção nas unidades de compressão da empresa alemã Siemens não estava prevista para antes do Outono, explicou o ministro alemão e vice-chanceler, dos Verdes, dizendo que por isso há, sim, uma “motivação política” do lado russo.

O corte implicará uma diminuição de cerca de 60% do gás que normalmente passa pelo Nord Stream 1. Habeck acrescentou que a Alemanha pode comprar gás no mercado, ainda que a preços mais elevados, e que não está em causa o fornecimento ao país. Mas esta situação “mostrou também que poupar energia está na ordem do dia”, declarou.

A Alemanha, nota a Reuters, está com reservas de gás a cerca de 55,6%, mas precisaria de chegar a 80% em Outubro e 90% em Novembro para fazer face ao Inverno caso a Rússia deixe de fornecer gás. A acção russa só veio sublinhar o desafio para a Alemanha de deixar de depender do gás vindo da Rússia.

O Nord Stream 1, que foi inaugurado em 2011, é ainda o gasoduto mais importante para o gás russo chegar à União Europeia, nota o site Clean Energy Wire. A Gazprom já não exporta gás através de um dos canais da Polónia depois de a Rússia ter sancionado a empresa que detém a parte polaca do gasoduto Yamal-Europe.

Ainda esta quarta-feira, a União Europeia assinou, no Cairo, um memorando de entendimento para a importação de gás natural de Israel via Egipto. O acordo visa diminuir a dependência do gás russo dos países da União Europeia – que importaram cerca de 40% do seu gás da Rússia no ano passado.

O jornal norte-americano The Washington Post diz que a oferta de Israel não poderá rivalizar com a capacidade russa – Israel produz cerca de 12 mil milhões de metros cúbicos por ano e a UE importou da Rússia 155 mil milhões em 2021. Mas o acordo faz sentido numa perspectiva de diversificação e de compra de quantidades menores de vários países.

“Com o início desta guerra e a tentativa da Rússia nos chantagear através da energia, cortando deliberadamente as fontes de energia, decidimos acabar com a dependência de combustíveis fósseis russos, afastarmo-nos da Rússia, e diversificar fontes fiáveis”, disse a presidente da Comissão Europeia, Ursula von der Leyen, numa conferência de imprensa com o primeiro-ministro de Israel, Naftali Bennett, na terça-feira à noite.

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