Turismo recuperou na Páscoa e ultrapassou ritmo anterior à pandemia

Recuperação em Abril deu-se à boleia de crescimento de turistas internos. Dormidas na cidade de Lisboa ainda ficaram aquém do patamar de Abril de 2019.

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A Madeira foi a região que registou o maior crescimento na actividade turística face a Abril de 2019 Nuno Ferreira Santos

O sector do alojamento turístico recuperou em Abril de uma forma expressiva em relação a dois anos marcados pela pandemia, conseguindo ultrapassar, nesse mês da Páscoa, os níveis de actividade registados em 2019, mostram dados divulgados nesta quarta-feira pelo Instituto Nacional de Estatística (INE).

É a primeira vez que isso acontece desde o início da pandemia, isto é, que, num mês, há um crescimento da actividade turística em Portugal quando se compara com o período homólogo anterior à pandemia de covid-19. Esse crescimento deu-se graças ao mercado interno.

Em Abril, Portugal registou 2,4 milhões de hóspedes e seis milhões de dormidas, mais 425% e 548% do que em Abril do ano passado, respectivamente. Quando se recua e se compara com a situação em Abril de 2019 já se verifica um crescimento superior a 1%. No caso do número de hóspedes, o aumento é de 1,6%; nas dormidas, de 1,1%. Tanto este ano como em 2019, a Páscoa decorreu na segunda metade do mês de Abril.

Houve um aumento no número de dormidas em todas as regiões, mas, quando se compara com Abril de 2019, isso ainda não acontece em todas. A Madeira é a região com o melhor desempenho face ao período anterior à pandemia. “Comparando com Abril de 2019, registaram-se aumentos das dormidas na Região Autónoma da Madeira (+19,9%), Alentejo (+16,7%), Norte (+10,0%) e Centro (+2,5%), tendo o maior decréscimo sido observado no Algarve (-8,9%)”, indica o INE.

Turismo interno

O movimento de recuperação aconteceu sobretudo à boleia do turismo de cidadãos que residem em Portugal. Embora os visitantes estrangeiros continuem a representar a maior fatia do número de dormidas (68%, ou seja, 4,1 milhões das seis milhões), a recuperação na entrada de turistas estrangeiros ainda não é suficiente para superar o ritmo observado em Abril de 2019. Os mercados externos ainda ficaram 4,4% abaixo no número de dormidas. Já o mercado interno, que representou 32% das dormidas em Abril (1,9 milhões), apresenta um crescimento de 15% em relação a Abril de 2019.

Os proveitos da actividade do alojamento aproximaram-se dos 390 milhões de euros, crescendo 726,2% em relação a Abril do ano passado e aumentando 16,2% face a Abril de 2019.

Ocupação nos 56%

A taxa de ocupação-quarto nos estabelecimentos de alojamento turístico subiu para 56% em Abril, aumentando 38,2 pontos percentuais face a Abril do ano passado, marcado por maiores restrições pandémicas. Com essa recuperação, a taxa “atingiu o mesmo valor que em Abril de 2019”, refere o INE.

A taxa líquida de ocupação-quarto mais alta registou-se na Região Autónoma da Madeira, onde chegou aos 75%; próxima desse valor ficou a média nos estabelecimentos turísticos da Área Metropolitana de Lisboa, nos 70%; a seguir surge o Algarve, com uma taxa de 54,2%; em quarto, o Norte, com 52,3%; em quinto, os Açores, onde a ocupação média foi de 49%; a seguir, o Alentejo, com 44,1%; e em último, a região Centro, onde a média ficou nos 38,7%.

O Algarve contabiliza 1,64 milhões de dormidas em Abril, seguindo-se a Área Metropolitana de Lisboa, com 1,6 milhões, das quais 1,2 milhões na capital) e o Norte com um milhão.

No município de Lisboa, porém, o número de dormidas ainda está aquém dos valores de Abril de 2019: as dormidas diminuíram 3,9% (cresceram 10,9% entre os residentes, mas ainda estão 6,3% abaixo entre os turistas não residentes em Portugal).

“O município de Albufeira concentrou 10,8% do total de dormidas, atingindo 650,3 mil, o que representa uma redução de 17,8% face a Abril de 2019 (menos 19,3% nos residentes e menos 16,5% nos não residentes). No Funchal (8,4% do total), registaram-se 510,4 mil dormidas em Abril, um acréscimo de 23,9% (mais 113,2% nos residentes e mais 13,2% nos não residentes) em comparação com o período homólogo de 2019. No Porto (7% do total), registaram-se 422,4 mil dormidas em Abril, que se traduziram num crescimento de 5,7% face ao mesmo mês de 2019 (mais 22,4% nos residentes e mais 2,6% nos não residentes)”, refere a síntese do INE.

Média de 2,56 noites

Dos 2,4 milhões de turistas, 1,9 milhões ficaram na hotelaria (sobretudo em hotéis, mas também em apartamentos turísticos, hotéis-apartamentos, pousadas ou aldeamentos); o alojamento local albergou 353,8 mil turistas e os espaços de turismo rural e de habitação receberam 102,1 mil hóspedes.

Em média, os turistas fizeram uma estada de 2,56 noites. No campismo, a média é mais alta, chegando a 2,87.

Apesar da melhoria em Abril, o resultado do conjunto dos quatro primeiros meses do ano ainda está aquém dos níveis anteriores à pandemia. “As dormidas aumentaram 449,2% (mais 181% nos residentes e mais 1022,1% nos não residentes), mas continuam abaixo (menos 11,9%) dos níveis do mesmo período de 2019, como consequência da diminuição dos não residentes (menos 18,4%), tendo as dormidas de residentes aumentado 3,4%”, refere o INE. Ao todo, de Janeiro a Abril, Portugal teve 6,4 milhões de hóspedes e 16,1 milhões de dormidas.

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