Portugal soma mais dez casos de varíola-dos-macacos, mas não há plano para vacinar
Depois das recomendações para a vacinação da Organização Mundial da Saúde e a compra de doses de vacina pela União Europeia, Portugal atinge os 241 infectados, mantendo-se como país com mais casos confirmados por milhão de habitantes na União Europeia - mas não há indicações sobre a estratégia de vacinação.
A Direcção-Geral da Saúde confirmou esta quarta-feira mais dez casos de varíola-dos-macacos. Portugal mantém-se com o maior número de infectados por milhão de habitantes na União Europeia, numa altura em que atinge os 241 casos confirmados.
A maioria dos infectados localiza-se na região de Lisboa e Vale do Tejo. Todas as pessoas confirmadas com varíola-dos-macacos (monkeypox ou VMPX) são homens, entre os 19 e os 61 anos. Em todo o mundo, quando se ultrapassam os 1600 casos confirmados de VMPX, a maioria dos infectados são homens, mas também existem mulheres com casos confirmados, não sendo uma doença exclusivamente masculina.
Nos casos confirmados de VMPX por milhão de habitantes em países onde a doença não é endémica, Portugal só é ultrapassado por Gibraltar, que confirmou o primeiro caso esta quarta-feira e tem uma população de cerca de 30 mil pessoas.
Esta terça-feira, foi confirmada a compra de mais de 100 mil doses de vacinas de terceira geração pela União Europeia, através de fundos europeus. Não foram avançadas informações sobre a distribuição das mesmas pelos países afectados, mas atendendo ao cenário actual Portugal pderá ser um dos prioritários na recepção das doses de vacinas contra o VMPX.
Até esta quarta-feira, não havia qualquer indicação sobre a posição de Portugal face à vacinação. A hipótese foi admitida no final de Maio, tendo sido revelado que estava a ser estudada em conjunto pelo Programa Nacional de Vacinação, a Comissão Técnica de Vacinação e o Infarmed - mas sem novidades nas últimas três semanas.
A Organização Mundial da Saúde (OMS), também esta terça-feira, emitiu uma orientação em que recomenda a vacinação de profissionais de saúde e contactos de risco com casos confirmados ou suspeitos.
Contacto próximo ainda é principal meio de transmissão
Hans Kluge, responsável da OMS para a Europa, apontou esta quarta-feira, em conferência de imprensa virtual, que a principal forma de transmissão do VMPX continua a ser o contacto próximo. Apesar de existirem novos dados, como fragmentos do vírus em sémen, que podem indicar novas rotas de contágio, até ao momento a informação não é conclusiva para determinar que a infecção se pode dar por contacto sexual (através de sémen ou secreções vaginais). Kluge atentou que “o vírus não está ligado a nenhum grupo específico e a estigmatização da população ameaça a resposta de saúde pública como já vimos no passado.”
Na mesma conferência, Kluge reforçou que 85% dos casos estão localizados na Europa, quando mais de 35 países já confirmaram casos nas suas fronteiras. O responsável da OMS lembrou aos países europeus os erros da acumulação de doses de vacinas para a covid-19, pedindo que os mesmos não se repitam.
Os grandes eventos de aglomeração de pessoas, como festivais de verão ou marchas LGBTQIA+, também não devem ser cancelados, de acordo com a OMS. “Estes eventos são oportunidades poderosas para comunicar com jovens sexualmente activos, com grande mobilidade. O VMPX não é razão para cancelar eventos, mas sim uma oportunidade para comunicar e sensibilizar a população”, afirmou Kluge.