O mês de Maio foi o mais quente dos últimos 92 anos e a situação vai agravar-se
Na precipitação atmosférica o valor é 393,9 mm e corresponde a 50% do valor normal, o segundo mais baixo desde 1931. Mais de 97% do território está em seca severa.
Beja, 15h30, segunda-feira, 13 de Junho. Os transeuntes andam pelas ruas em passos lentos e a maioria vergada pela força de calor que seca as gargantas, deixa os rostos afogueados e vermelhos. “Ai meu Deus! Até custa a respirar”, ouve-se frequentemente desde que a onda quente começou a varrer o Alentejo. Quase 40 graus centígrados significam noites mal dormidas, nervos à flor da pele, impaciência e irritação. São muito poucos os que podem almejar a ter ar condicionado em casa.
E o Instituto Português do Mar e da Atmosfera (IPMA) acaba de lançar mais achas para a “fogueira”. O mês de Maio em Portugal continental foi classificado de “extremamente quente e muito seco” que faz desde período o “mais quente” dos últimos 92 anos. O valor médio da temperatura média, 19,19 graus Celsius, foi “muito superior” ao valor normal no período 1971-2000 (anomalia de +3,47 graus). O valor médio de temperatura máxima do ar, 25,87 graus, foi o “mais alto desde 1931”, com uma anomalia de +4,91 graus. Acresce ainda que o valor médio de temperatura mínima do ar, — 12,52 graus — foi também “muito superior ao normal (+2,02 graus), que o coloca como o terceiro mais alto desde 1931, só superado pelos valores registados em 2011 e 2020.
Durante o mês de Maio, os valores de temperatura do ar (média, máxima e mínima) estiveram “quase sempre acima do valor médio mensal”, e no período consecutivo de 10 dias (5 a 14) apresentou desvios superiores a 5 graus Celsius da temperatura máxima em relação à normal mensal. Nos dias 20, 27 e 28 o valor médio de temperatura máxima do ar no continente foi “superior” a 30 graus.
O valor médio da quantidade de precipitação em Maio, 8,9 mm, teve um registo “muito inferior ao valor normal 1971-2000, correspondendo a apenas 13%”. Ocorreu precipitação nos dias 2-3, 12-13, 21-24 e 29-31, com um regime de aguaceiros por vezes fortes, e de granizo, e acompanhados de trovoada.
Em termos da quantidade de precipitação no presente ano hidrológico 2021/2022 (desde 1 de Outubro 2021 a 31 de Maio de 2022) o valor é 393.9 mm e corresponde a 50 % do valor normal, o segundo mais baixo desde 1931.
No final de Maio verificou-se uma diminuição significativa dos valores de percentagem de água no solo em todo o território, sendo de realçar a região do interior Norte e Centro, Vale do Tejo, Alentejo e Algarve, onde se verificam valores de percentagem de água no solo inferiores a 20%. De acordo com o índice PDSI (Índice de Severidade de Seca de Palmer, em português), “agravou-se a situação de seca meteorológica em todo o território”, com um aumento muito significativo da área em seca severa, estando agora 97% do território nessa classe.