O Presidente da República elogiou os portugueses que emigraram na década de 1960 para Andorra afirmando que são a razão dos laços estreitos entre Portugal e o principado e prometendo regressar até ao final do seu mandato. Marcelo Rebelo de Sousa falava nas cerimónias comemorativas do Dia de Portugal, de Camões e das Comunidades Portuguesas em Andorra, principado que tem mais de 9000 portugueses residentes.

A comunidade portuguesa já é a terceira maior em Andorra, algo que na opinião do Presidente da República apenas foi possível pela emigração de “muitos compatriotas”. “Foi nos anos de 1960 e 1970. Lembro-me do que foi essa experiência única da primeira geração de portugueses”, sustentou o chefe de Estado.

Perante uma plateia de algumas centenas de portugueses, o Presidente da República recordou duas viagens que fez “de camioneta” ao principado, quando era estudante universitário, e os portugueses que encontrou por cá. “Vieram e descobriram que era um paraíso. Também descobriram que iam vida a Andorra dar com o seu trabalho”, disse.

Os portugueses que aqui vivem “têm duas pátrias”, assegurou o chefe de Estado, e “passaram isso para os filhos, passaram isso para os netos e ficaram em tempos fáceis e difíceis”. “Um em cada oito ou nove” residentes em Andorra são portugueses, argumentou o Presidente da República, e é essa comunidade a “garantia de que Portugal e Andorra ficam unidos para sempre”.

Esta foi a terceira visita de Marcelo Rebelo de Sousa a Andorra desde que é Presidente e, no final, ficou a promessa da quarta: “É impossível não ficar convosco no coração. É impossível. Tinha de vir a terceira vez em seis anos e três meses de mandato. Ainda tenho pela frente quase quatro anos. Eu tenho de voltar pelo menos uma vez. Tenho de voltar.”

Portugal terá consulado-geral em Andorra-a-Velha - mas não se sabe quando

Acompanhando o Presidente da República na visita, o secretário de Estado das Comunidades Portuguesas, Paulo Cafôfo, anunciou que o Governo está a “preparar a abertura de um consulado-geral” de Portugal em Andorra-a-Velha, mas ainda sem data prevista. “Sei que era desejado, que era ambicionado, mas, acima de tudo, que era merecido por parte desta nossa comunidade que aqui reside”, disse o governante, no seu discurso perante portugueses residentes em Andorra.

O fecho da embaixada em 2012 dificultou o acesso dos emigrantes portugueses a serviços, como, por exemplo, a renovação do cartão de cidadão, obrigando-os a deslocarem-se até Barcelona, a cerca de 200 quilómetros de distância. “Esta será uma oportunidade para melhor” servir os concidadãos residentes em Andorra, mas também para “melhor afirmar a presença nos domínios económicos e cultural”, prometeu Paulo Cafôfo.

A intenção é “criar mais peso político, mais peso administrativo e maior capacidade de intervenção” junto de uma comunidade “que está a crescer” no principado, reforçou depois o Presidente da República. “Não se pode ignorar isso. Numa comunidade que cresce tem de haver uma resposta mais forte”, completou.

Apoio para tratado bilateral entre Andorra e a UE

Portugal vai apoiar Andorra na assinatura de um tratado bilateral entre o principado e a União Europeia, disse Marcelo Rebelo de Sousa, considerando que os 27 ganham “em integrar mais” o principado. O Presidente português respondeu assim a um jornalista andorrenho que o interpelou sobre o apoio português à pretensão de Andorra.

“É fundamental para a União Europeia (UE) [a assinatura desse tratado], é fundamental para Portugal, é fundamental para Andorra e é fundamental para as relações bilaterais entre Portugal e Andorra”, completou o chefe de Estado português.