Rússia quer capturar Severodonetsk em dois dias e pode enviar novo batalhão
O Presidente ucraniano afirmou que a Rússia esperava controlar o Leste nos primeiros dias de guerra, mas que, 108 dias depois, ainda não o conseguiu fazer. As forças russas já controlam mais de dois terços de Severodonetsk.
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Durante os últimos dias a Rússia tem vindo a aproveitar-se da sua superioridade em termos de força militar e de artilharia comparativamente à Ucrânia para “tomar gradualmente a cidade de Severodonetsk e os seus arredores”. Quem o diz são as autoridades ucranianas e o Ministério da Defesa do Reino Unido, que sublinha que o Kremlin vai enviar um “terceiro batalhão” para acelerar o processo e conclui-lo, idealmente, nos próximos dias.
“A maioria das brigadas só envia dois dos seus três batalhões de cada vez para as operações e estes terceiros batalhões não estão, normalmente, totalmente equipados”. Isto vai fazer com que a Rússia “dependa, provavelmente, de novos recrutas ou da mobilização de soldados na reserva para enviar esta unidade para a Ucrânia”, explicou o Governo britânico.
Foi também sublinhado outro ponto negativo desta estratégia – a “redução da capacidade destes batalhões de, a longo prazo, regenerarem o poder de combate depois das operações.” Contudo, a Rússia parece estar apenas preocupada com o curto prazo e com o domínio da região. Uma das provas para esta análise dos governos ucranianos e britânico foi o ataque realizado este sábado à fábrica química de Azot, em Severodonetsk
Um bombardeamento russo atingiu a fábrica de produtos químicos, na zona leste de Severodonetsk, dando origem a um incêndio de larga escala. Segundo as autoridades ucranianas, era lá que se abrigavam cerca de 800 civis e, desde a primeira explosão que a fábrica está “sob forte bombardeamento há horas”. Não é ainda conhecido o número de vítimas, mas sabe-se que o fogo ainda não foi extinto.
Pela segunda vez desde o início da invasão russa lançada a 24 de Fevereiro pelo Presidente russo, Vladimir Putin, que uma fábrica representava o último ponto de resistência, depois da Azovstal, em Mariupol. Na madrugada deste sábado teriam começado negociações para a saída dos civis. O embaixador russo na autoproclamada República Popular de Lugansk, Rodion Miroshnik, chegou a anunciar que “os civis começaram a deixar Azot” e que as autoridades ucranianas “estavam a tentar fazer exigências”, que incluíam a criação de um corredor humanitário para que os civis saíssem da fábrica com os “reféns”. As negociações e a saída dos civis acabaram por ser bloqueadas pelos bombardeamentos e pelo incêndio.
Outro ponto estratégico em Severodonestk que foi também atacado este sábado foi a segunda ponte que liga a região a cidade Lysychansk, na região de Lugansk, revelou o governador regional, Serhii Gaidai, acrescentando que as forças inimigas estão a bombardear um terceiro, e último, acesso. Os intensos ataques russos à região já haviam destruído, em Maio, a ponte Pavlograd, que ligava as duas localidades.
Gaidai declarou que os próximos dois dias na frente de combate vão ser decisivos, mas acrescentou que as tropas russas ainda não conseguiram controlar a cidade. “[As forças russas] querem cortar completamente a possibilidade de retirar pessoas ou de trazer munições e reforços para Severodonetsk”, concluiu.
O Presidente russo, Vladimir Putin, destacou este domingo a importância da união do povo russo, aludindo à operação militar na Ucrânia, e exaltou a figura de Pedro, o Grande, por ter criado um exército e uma marinha “poderosos e invencíveis”.
Numa cerimónia de entrega de prémios no Kremlin a marcar o Dia da Rússia, Putin descreveu a efeméride como um feriado dedicado a um país “cheio de orgulho na sua história e fé no futuro”.
Num discurso marcado pelo patriotismo, o Presidente da Rússia disse que os russos “se orgulham das conquistas e vitórias militares dos seus ancestrais, de todos aqueles que ambicionaram e souberam progredir, descobrir coisas novas, alcançar o desenvolvimento progressivo da pátria, defendê-la nas batalhas e afirmar o seu papel digno no mundo”.
Já numa clara alusão à “operação militar especial” russa na Ucrânia, Putin afirmou: “Aparentemente, também tivemos que recuperar e consolidar”.
Por sua vez, o líder norte-coreano, Kim Jong-un, manifestou, este domingo, “total apoio” ao Presidente Vladimir Putin por ocasião do Dia da Rússia. Sob a liderança de Putin, afirmou Kim, a Rússia “conseguiu ousadamente ultrapassar todo o tipo de desafios e dificuldades” enfrentados “na realização da justa causa da defesa da dignidade, da segurança e do direito ao desenvolvimento”.
Sem nunca mencionar a guerra na Ucrânia, o líder norte-coreano reafirmou “a amizade entre os dois países”, que “tem sido transmitida através de uma longa história”, revelando ainda vontade de “expandir e desenvolver” essa relação “de acordo com as exigências da nova era e as aspirações dos dois povos”.