Guaidó agredido em restaurante por deputados pró-Maduro

O líder oposicionista venezuelano diz que incidente foi uma “emboscada do regime”. Washington quer diálogo entre Governo e oposição para que as sanções possam ser levantadas.

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Juan Guaidó é um dos principais líderes da oposição venezuelana LEONARDO FERNANDEZ VILORIA / Reuters

O principal dirigente da oposição venezuelana, Juan Guaidó, foi agredido e injuriado durante uma visita a uma região no Noroeste do país no sábado. Guaidó descreveu o episódio como uma “emboscada do regime” de Nicolás Maduro e responsabilizou dois deputados oficialistas como autores do ataque.

Os dois deputados estão “claramente identificados nos vídeos”, afirmou o responsável político num vídeo publicado nas redes sociais. Guaidó identificou a deputada Nosliw Rodríguez e Marcos Mendoza, ambos pertencentes ao Partido Socialista Unido da Venezuela (PSUV).

Guaidó e alguns membros de uma comitiva do partido Vontade Popular estavam num restaurante na cidade de Cojedes no sábado, quando um grupo de pessoas entrou no local e se dirigiu ao opositor venezuelano com insultos, empurrando-o e atirando-lhe alguns objectos. Vários vídeos do incidente circulam nas redes sociais.

A equipa de segurança de Guaidó conseguiu impedir algumas das agressões até que o conseguiram levar para um carro estacionado nas proximidades, explica a Europa Press. O político não sofreu qualquer ferimento e regressou a Caracas ainda no sábado.

O sub-secretário do Departamento de Estado dos EUA para a América Latina, Brian Nichols, manifestou preocupação pelo incidente que definiu como um “ataque feroz” em que se pôs em perigo a vida de várias pessoas.

O partido de Guaidó responsabilizou de imediato o Governo venezuelano e o PSUV e nas imagens é possível verificar a presença de Rodríguez no grupo que agrediu e injuriou o líder oposicionista. “Maduro envia os seus lacaios e mercenários para atacar os dirigentes democráticos que se encontram nas ruas a percorrer o país”, afirmou o gabinete de imprensa de Guaidó, antigo presidente da Assembleia Nacional que assumiu de forma unilateral a chefia de Estado interinamente em 2019.

A presidência de Guaidó, que acusou Maduro de usurpar as funções de Presidente, foi reconhecida por mais de 50 países, mas viu-se sempre esvaziada de poder, uma vez que o PSUV controla os principais organismos de Estado.

EUA pedem diálogo

O director de Assuntos Hemisféricos do Conselho de Segurança Nacional da Casa Branca, Juan González, disse que os EUA estão disponíveis a levantar as sanções económicas impostas à Venezuela assim que forem dados “passos concretos” por parte do regime.

“Apoiamos 100% um diálogo que seja liderado pelos venezuelanos, e não um em que os EUA imponham condições”, afirmou González numa entrevista ao Voice of America. A nossa política é clara: estamos totalmente dispostos a levantar a pressão das sanções, mas tendo como base passos concretos”, acrescentou.

González sublinhou a importância de se avançar para um diálogo “genuíno” entre o Governo e a oposição e que sejam os venezuelanos a dirigir este processo, e não outros países.

Os EUA continuam a reconhecer Guaidó como Presidente legítimo da Venezuela, embora outros países do continente não o façam, afirmou González. “Respeitamos [essas posições], mas há um consenso acerca do diálogo e do respeito pelos direitos humanos”, disse o dirigente norte-americano.

As delegações do Governo venezuelano e da oposição disseram estar dispostas a retomar o diálogo político iniciado no México após o alívio de algumas das sanções de Washington.

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