Cinco anos depois, o “trono” do basquetebol volta a ser do Benfica
Os “encarnados” bateram o FC Porto na final do campeonato nacional, com o triunfo no Dragão Caixa a evitar a “negra”. Tudo resolvido em quatro jogos e o Benfica chega aos 28 títulos, mais 12 do que o FC Porto.
Já se sabia que haveria uma quebra de “jejum” na final do campeonato nacional de basquetebol. Entre os seis anos do FC Porto ou os cinco do Benfica, uma das séries negativas seria interrompida e a honra coube aos “encarnados”, que selaram neste domingo o triunfo por 3-1 na final do campeonato.
No Dragão Caixa, o Benfica superiorizou-se por 63-91, resultado que permite ao clube lisboeta fechar a vitória ao quarto jogo na final à melhor de cinco jogos e sentar-se num “trono” que lhe escapava desde 2017, depois dos títulos de Oliveirense (dois) e Sporting.
Os “encarnados” chegam assim aos 28 campeonatos, mais 12 do que o FC Porto e mais 19 do que o Sporting, numa conquista que compensa a aposta forte para esta temporada, com a contratação de jogadores vários jogadores estrangeiros, alguns dos quais com alguma tarimba no basquetebol europeu.
Também o treinador Norberto Alves, de 54 anos, provou ser uma aposta certeira do Benfica, já que levou para Lisboa o “toque de Midas” que tinha tido na Oliveirense – foi o líder no bicampeonato dos nortenhos em 2018 e 2019.
“Jogámos muito bem e carregámos mais no pintado e nas penetrações. E viemos, sobretudo, com uma atitude diferente do último jogo”, começou por dizer o técnico do Benfica. E deixou agradecimentos: “Uma palavra aos jogadores do FC Porto, que nos obrigaram a dar tudo o que tínhamos. E quero agradecer também ao presidente Rui Costa e ao Fernando Tavares por me terem dado as condições para ganhar”.
Também Moncho López, treinador do FC Porto, considerou justa a vitória do Benfica. “O resultado mostra a superioridade do Benfica quase desde a primeira bola ao ar. O campeonato é muito merecido para o Benfica, que venceu por 3-1. Parabéns ao campeão, que é merecido e jogou muito bem”.
Benfica entrou a vencer
Apesar da derrota no jogo anterior e do ambiente caseiro favorável ao FC Porto no Dragão Caixa, foi o Benfica quem entrou mais forte na partida. Fez um parcial de 10-0 em cinco minutos, algo que nem mesmo a paragem pedida por Moncho López, quando havia 8-0, foi capaz de suster.
O FC Porto estava a cometer muitos turnovers e o Benfica capitalizava-os a preceito, já que acabou o primeiro período com onze pontos após erro adversário.
A diferença nunca caiu muito, apesar de a entrada de Tinsley no jogo ter ajudado a reduzir os turnovers portistas e a haver melhor selecção de lançamentos.
Mas houve algo que o americano não conseguiu reverter: a incapacidade de o FC Porto defender os bloqueios directos.
O Benfica ia conseguindo desfazer esses bloqueios com espaço para penetrações ou para isolamentos aos jogadores interiores – e ao intervalo eram 26 pontos no pintado por parte do Benfica, mais de 60%.
O jogo foi caindo de qualidade até à paragem, com lançamentos mais forçados, e havia 33-40 ao intervalo, com o FC Porto, depois de ter estado a 13 pontos, a reduzir novamente para sete – não só soube aproveitar melhor um par de transições (havia mais erros “encarnados”) como teve dois triplos importantes de Francisco Amarante.
Romdhane desequilibrou
A partir do terceiro quarto o FC Porto não teve aquele que estava a ser o seu melhor marcador – Kloof saiu lesionado – e o Benfica tinha, por outro lado, a mesma arma: facilidade em explorar o bloqueio directo, ora com Clifford, especialista na matéria, ora com Romdhane.
E o tunisino, muito forte a defender, estava a entrar cada vez mais no jogo também a atacar, com uma solução pouco vista até esse momento: trabalho clássico de um contra um em zonas interiores, ora para criando lançamento para si próprio, ora para combinações poste-poste.
E o resultado foi-se dilatando à medida que o FC Porto ia ficando menos capaz de o suster. Foram apenas 14 pontos portistas neste terceiro quarto e a diferença antes do último período era de 17 pontos – mais o efeito mental do tiro certeiro de Broussard em cima da buzina.
E o último quarto começou com a diferença a chegar aos 21 pontos. O jogo parecia resolvido e o Benfica, mais ponto menos ponto, sabia que poderia prolongar os ataques, ganhar faltas, lançar pela certa e gerir o relógio.
O FC Porto, por outro lado, não conseguia resistir à tentação de lançar de três pontos e, com baixo acerto, sabia o que lhe esperava: ver o rival festejar no Dragão.
Individualmente, Aaron Broussard (18 pontos, 6 assistências e 3 ressaltos) e Makram Romdhane (9 pontos, 4 assistências, 3 ressaltos, 2 roubos de bola e 1 desarme) – este último também por motivos que não surgem nas estatísticas – foram os jogadores mais determinantes neste jogo 4 da final. Também Frank Gaines somou 18 pontos.