Madeira de fora das comemorações do 10 de Junho, fala em “provocação” e “desconsideração” de Marcelo

Belém diz que convidou Albuquerque para ir a Londres, mas no Funchal garantem que o convite foi só para estar presente em Braga.

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Miguel Albuquerque é o presidente do governo regional da Madeira Paulo Pimenta

O Governo Regional da Madeira vai ficar de fora das cerimónias oficiais do Dia de Portugal. No Funchal, Miguel Albuquerque fala em “provocação” da Presidência da República, e garante que não foi convidado para acompanhar Marcelo Rebelo de Sousa a Londres.

“O senhor Presidente da República continua completamente alheado das questões fundamentais da região, e esta é mais uma desconsideração que tem para com os órgãos próprios da região”, disse na manhã desta quinta-feira aos jornalistas o chefe do executivo madeirense, depois do gabinete da Presidência do governo madeirense, ter emitido um comunicado em que considera “pouco compreensível” que Marcelo tenha convidado a Madeira apenas para as celebrações em Braga, onde apenas existem “algumas dezenas de estudantes” madeirenses, e deixado a região autónoma de fora das comemorações em Londres.

Isto, sublinha o comunicado, mesmo sabendo que quase um terço da comunidade portuguesa residente no Reino Unido é madeirense. “Não se tratando de um lapso, só pode ser lido como uma provocação aos órgãos de governo próprio da Região, porventura sendo conivente com interesses estranhos à data, aos madeirenses e aos portugueses em geral”, concluiu a nota.

Em Braga, questionado pelos jornalistas, Marcelo garantiu que o convite foi feito. “O Chefe da Casa Civil, a meu pedido, falou com ele pessoalmente a convidá-lo para ir a Londres”, disse à RTP, desvalorizando a questão: “Ele diz que é uma provocação, mas é uma não notícia. Foi convidado, mas esqueceu-se”.

Albuquerque diz que não. Num segundo comunicado, e reagindo ao Presidente da República, garante que jamais “esqueceria de um convite desta índole”, insistindo que no contacto feito entre Belém e o Funchal foi referido apenas dois momentos, ambos em Braga: Teatro Circo, no dia 9 de Junho, e cerimónia militar, a 10 de Junho. “Do contacto com o Chefe da Casa Civil não resultou nenhum convite para acompanhar o senhor Presidente da República a Londres”, insiste o governo madeirense, desmentindo Marcelo Rebelo de Sousa.

Não é a primeira vez que as comemorações do 10 de Junho provocam atrito entre o Funchal e Belém. Em 2019, um ano depois de a data ter sido assinalada nos Açores, a Madeira estava na expectativa que as cerimónias decorressem no arquipélago, mas Marcelo optou por dividir o Dia de Portugal entre Portalegre e Cabo Verde, argumentando com uma possível interferência nas eleições regionais, que se realizaram nesse ano. O Funchal só viria a ser o palco das celebrações no ano passado.

Agora, para esta polémica, não será alheio o facto de o secretário de Estado das Comunidades ser Paulo Cafôfo, que vai estar presente em Londres. O antigo presidente do PS-Madeira, derrotado por Albuquerque nas regionais de 2019, mantém uma posição de destaque na estrutura dos socialistas madeirenses, é presidente da Comissão Regional do partido, e continua a ser bastante crítico da governação PSD/CDS na Madeira.

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