O P3 esteve à conversa com Pedro Caramez, autor do livro Vencer com o LinkedIn. O resultado são sete dicas pouco usuais (porém não menos úteis) para quem procura emprego através da rede social.
60% da imagem de perfil deve ser a tua cara
A “fotografia é normalmente responsável pela primeira impressão que os utilizadores têm” uns dos outros, mas, muitas vezes, as pessoas “têm fotografias demasiado distanciadas, até colocam imagens de meio corpo ou corpo inteiro”. Se a imagem de perfil tiver o rosto “a ver-se a 20% ou 30% ficamos com dificuldade em conseguir identificar esse utilizador”.
Por isso, não escondas a cara, é suposto conseguirem ver quem és. Tira uma foto em que o rosto preencha 60% do enquadramento, uma percentagem que Pedro Caramez diz ser defendida por “pessoas ligadas à questão da imagem”. Para além disso, convém que a foto tenha “o máximo de qualidade possível”, “que se encaixe” com a actividade profissional e que seja actual — não fiques agarrado a uma fotografia tirada há duas décadas, é altura de mudar.
Não tenhas medo de parecer demasiado competente. Mas não mintas
Tens de olhar para o LinkedIn como um “cartão-de-visita”. A plataforma estabelece um limite máximo de 50 competências que podes identificar no teu perfil, “que tem um propósito fundamental: ajudar a que o perfil fique melhor” inscrito na rede. Ou seja, se alguém procurar “profissionais com uma determinada competência” o LinkedIn consegue “restringir as pesquisas a um número menor de utilizadores”. Assim, “podemos e devemos listar” as 50 competências “praticamente na sua totalidade”. Convém é que de facto as tenhas.
Esquece o CV
Vamos falar sobre o que não é relevante: o CV. “Porquê? Porque tem, muitas das vezes, informação demasiado sensível. Exemplo: a morada, os contactos, número de contribuinte. Essa informação é completamente desnecessária.”
Outro ponto que importa abordar é a secção das “Causas”, a “última do cartão-de-visita”. “São 15 causas que o utilizador pode colocar sem que com isso ele materialize” o que efectivamente fez ou faz para as apoiar, “ou seja, eu apoio a causa infantil, mas não indico de que forma é que eu o faço”. Para além disso, ao contrário das competências, estas não são categorias que “sejam pesquisáveis por outros utilizadores”. Conclusão: não vale a pena querer parecer a Miss Universo.
Faço entregas ao domicílio para a Amazon. Devo seguir o Jeff Bezos?
“O LinkedIn prevê que cada utilizador possa ter um máximo de 30 mil ligações. Eu diria que um número muito baixo de utilizadores tem estes números tão significativos.” Deves ser criterioso nas pessoas que adicionas à tua rede. Não tens de conhecer toda a gente, mas nos contactos deves ter pessoas com quem trabalhas, estudas, que pertencem à tua “área de especialidade”, que sejam clientes (ou que o possam vir a ser). “No fundo, pessoas que façam parte do nosso ecossistema”, diz Pedro Caramez.
Há quem respeite critérios mais rigorosos, no sentido de não “convidar pessoas com níveis hierárquicos muito mais altos” do que os próprios. A ideia é que “um jovem recém-licenciado poderá não ter grande benefício em conectar-se com o CEO”. Porém, vai “depender das áreas” e se existe, ou não, “uma maior abertura”.
Procura emprego sem o teu patrão saber
Se tens uma ocupação profissional que, por alguma razão, não te faz feliz, e queres procurar alternativas, não precisas de ter medo de recorrer ao LinkedIn sob pena que o teu chefe descubra. Nas configurações é possível escolheres não partilhar com ninguém da tua rede que estás a fazer mudanças ao perfil e impedir que os utilizadores vejam quem são os teus contactos — assim podes conectar-te com recrutadores, por exemplo, sem que ninguém saiba.
E não te preocupes: “se te conectares com um recrutador ninguém é notificado que o fizeste; se te candidatares a uma vaga ninguém é notificado que te candidataste a não ser a pessoa que realizou essa mesma operação; se entrares em contacto com alguma pessoa na rede ninguém vai saber que tu estás a trocar mensagens com esse mesmo utilizador”. Também o selo “Open to work” tem duas variantes: “uma que é visível para todos e outra que oculta e só visível para recrutadores”.
Não vejas perfis às duas da manhã (ou então usa o modo oculto)
Ao contrário do que acontece noutras plataformas, no LinkedIn, quando visitas o perfil de alguém a pessoa é notificada. Se estás a descobrir isto agora, pânico é um sentimento natural e perfeitamente justificado.
Contudo, “não é necessariamente forçoso que isto aconteça”. É possível visitar páginas “de forma oculta”, basta fazer o ajuste nas configurações. E há alturas em que de facto convém. “Imagina [alguém que vá ver um perfil] às duas da manhã. É um horário um bocado estapafúrdio.” Não sabendo o que pode ter motivado a visita a altas horas da madrugada, para evitar interpretações menos favoráveis, o modo oculto pode ser um conselho a adoptar.
O consentimento é tudo — até no Linkedin
Estamos em 2022 e o que não faltam são redes sociais para tudo e mais alguma coisa. Não precisas de fazer tudo no LinkedIn, muito menos enviar mensagens com uma “contundência gráfica reforçada”.
Tem cuidado com a troca de “informação sensível”, em particular através do envio de links. Sempre que quiseres enviar uma hiperligação a alguém pede primeiro permissão para o fazer, partilhando qual o conteúdo. Se és tu quem recebe, pergunta sempre onde é que o endereço te vai levar.
Uma última dica: o assédio e contactos pouco profissionais continuam a não ser uma boa ideia.
Texto editado por Ana Maria Henriques